A dona de casa Eudileia Carmosa Maria da Cunha Silva, de 34 anos, está vivendo as emoções do Mundial de Futebol de forma muito especial. Após realizar uma cirurgia simples para a colocação de um implante auditivo, está é a primeira vez que ela consegue ouvir um jogo da seleção brasileira e sentir a emoção de um gol do seu país.
Eudileia sofria de otite severa nos dois ouvidos. A primeira cirurgia, feita há alguns anos no lado esquerdo, não apresentou benefícios. No ouvido direito, a infecção foi contida, mas a cirurgia destruiu os ossículos e o tímpano, além de levar a um fechamento completo do seu conduto auditivo externo. Ela ficou com uma surdez severa nos dois ouvidos e, por isso, não podia receber próteses convencionais, já que um lado é fechado e o outro tem infecção crônica, possivelmente um colesteatoma.
A deficiente auditiva não podia receber próteses convencionais, já que um lado é fechado e o outro tem infecção crônica. Diante deste quadro, a paciente recorreu ao uso de um implante auditivo de condução óssea no ouvido direito após bons resultados dos testes de audição. Esse recurso é a única alternativa capaz de reabilitar a audição com o mínimo ou nenhum prejuízo estético, já que a parte interna de seu ouvido (cóclea) está normal. A prótese também tem um apelo estético importante, uma vez que o vibrador fica por baixo da pele, e não por fora, e a ligação entre as duas partes é feita por um imã deixando a pele intacta.
A cirurgia para o implante da prótese foi realizada no início do ano. No primeiro momento, a paciente recebeu a parte interna do implante, que consiste basicamente em um pequeno vibrador e um ímã que se coloca debaixo da pele. Posteriormente, ela recebeu a parte externa, um processador de som, ou seja, um pequeno dispositivo que processa o sinal sonoro. Nesse processador há um ímã que se comunica com o ímã interno, fixando o processador na cabeça, na região atrás da orelha.
Para Eudileia, participar da torcida de forma completa mudou sua relação com o esporte. "Não acompanhei os campeonatos passados. Como eu ouvia muito pouco, sem precisão, não tinha interesse em futebol nem em eventos como esse. Não dava para sentir a emoção que sinto hoje. Não sabia o valor que um gol tinha. Hoje eu posso sentir a vibração das pessoas torcendo pelo Brasil e poder ouvir os gritos e os fogos a cada gol. Tudo isso aumentou meu orgulho de ser brasileira", ressalta a dona de casa.
Hoje, após voltar a ouvir, Eudileia descobriu uma paixão que não tem limites e não descrimina. "Sofri muito preconceito por ser surda. Como eu venci a surdez, acredito que o Brasil possa vencer também e se tornar Hexacampeão. Estou torcendo muito!", afirma.