Por mais exercícios que você faça, por mais cremes firmadores que você compre, por mais sessões de luz pulsada, frio e calor a que você se submeta, nada disto vai funcionar, se o seu objetivo é aumentar ou enrijecer as mamas. "Isto sem falar em adesivos, maquiagem e preenchimentos com ácido hialurônico. A venda sem controle ‘de produtos com resultados milagrosos’ confunde muito as pacientes. Antes de indicarmos o procedimento mais apropriado para cada pessoa, precisamos investir tempo, buscando convencer a paciente que ‘o milagre de beleza’ que ela busca, não existe", diz o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
O médico conta que ultimamente tem que desmistificar "o fabuloso aumento de seios", bumbum e panturrilhas com a injeção de ácido hialurônico. O produto é um polímero absorvível e utilizado em larga escala desde a década de 90 para o tratamento de rugas e pequenas depressões cutâneas. Normalmente, são empregados pequenos volumes (de 1 a 5 ml) injetados dentro da camada dérmica da pele. Mas a partir desta década, o desenvolvimento tecnológico criou diferentes polímeros, que passaram a ser indicados para o tratamento de depressões cutâneas maiores, como as que podem aparecer após uma lipoaspiração e as sequelas profundas de acne, com irregularidades na face. "Entretanto, o uso desta substância para aumento dos seios não é um procedimento seguro. Precisamos de mais estudos científicos que avaliem os reais efeitos ou complicações que o ácido hialurônico - quando empregado desta maneira - pode trazer para a saúde da mulher", destaca Ruben Penteado.
Preenchimentos corporais
Não faz muito tempo, o silicone injetável e a parafina foram usados para fazer o preenchimento das mamas, provocando verdadeiros "desastres à saúde". Mais recentemente, foi utilizada a gordura das próprias pacientes que também mostrou-se ineficaz. "Este tipo de preenchimento passou a ser condenado pelos especialistas em Mastologia, devido às complicações que causava, como calcificações, que dificultavam a interpretação correta dos resultados de exames de rotina", conta Ruben Penteado, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Um aumento significativo das mamas requer, hoje, o emprego de no mínimo 150 ml de algum tipo de produto. A grande quantidade de ácido hialurônico necessária para dar volume ao busto aumenta os custos do procedimento. E como a substância é reabsorvível, o volume irá diminuir num prazo curto, quando comparado com o efeito da prótese de silicone. "Ou seja, além de lesar a saúde, a promessa de beleza também lesa o bolso da paciente", defende o médico.
"Como saber a forma como o ácido hialurônico vai se comportar no organismo, sem as limitações de um invólucro, como acontece com as próteses mamárias? Pode ocorrer infiltração no músculo peitoral ou mesmo dentro da glândula mamária. Como ele vai se distribuir no local? Que reações a curto, médio e longo prazo, ele vai provocar nos tecidos à sua volta? Caso alguma complicação aconteça ou o resultado não seja satisfatório para a paciente, como retirar este produto do corpo? Todos estes questionamentos devem ser respondidos e compartilhados com os profissionais de saúde, antes de submetermos mulheres a aventuras sem fundamentos científicos", defende o médico.
As experiências clínicas até o presente momento com a utilização do acido hialurônico em mamas são limitadas e com pouco número de casos para podermos avaliar os reais efeitos benéficos ou mesmo as complicações do seu uso para esses casos. As primeiras experiências com o emprego do ácido hialurônico no tratamento de irregularidades do contorno corporal foram registradas num único estudo publicado sobre o assunto. Nesta pesquisa, o aumento de mama foi avaliado em grupos de pacientes com hipomastia (mamas pequenas). Dentre as principais complicações, o estudo sueco observou reações como dor intensa durante a injeção, reação local e endurecimento e processo inflamatório temporário. Segundo os autores, nos dois anos seguintes à aplicação, foram feitos exames como mamografia e ultrassom e não foram observados alterações importantes como nódulos e calcificações, porém o acompanhamento dos cientistas ainda continua (com assessoria de imprensa).