A visão influi na personalidade, no comportamento e é essencial para a boa saúde por ser o sentido dominante na prática da maioria dos esportes.
De acordo com o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, o vício de refração que menos atrapalha as atividades esportivas é a hipermetropia, dificuldade de enxergar de perto.
Guardadas as exceções de alguns ídolos de nosso futebol como Kaká e Pelé que tinham miopia, a dificuldade de enxergar à distância faz com que a preferência dos míopes recaia sobre a leitura e outras atividades internas. A mesma tendência de comportamento pode ser observada em quem tem astigmatismo, visão distorcida para perto e longe, que muitas vezes é acompanhada de fotofobia ou aversão à luz.
A boa notícia é que a cirurgia refrativa faz 1 em cada 3 pessoas iniciar alguma atividade esportiva quando se livram dos óculos. É o que mostra um levantamento de 1120 prontuários do hospital realizado por Queiroz Neto nos últimos 10 meses.
Segundo os pacientes, o procedimento fez com que se sentissem mais seguros. O médico explica que isso acontece porque a correção visual melhora o equilíbrio do corpo, os reflexos e a capacidade de concentração que refletem no desempenho esportivo e na auto-imagem.
Técnica depende do esporte e grau
A técnica cirúrgica depende do estilo de vida, tipo de esporte preferido, grau a ser corrigido e espessura da córnea. Queiroz Neto afirma que nos esportes de alto contato como as lutas marciais e o boxe, o procedimento mais seguro é o PRK. Isso porque deixa o olho menos vulnerável em casos de traumas oculares durante a prática do esporte.
A técnica corrige até 6 graus de miopia e pode ser aplicada em córnea mais fina. Consiste em raspar o epitélio, camada externa da córnea, e aplicar o laser na camada abaixo. O médico ressalta que o pós-cirúrgico é mais dolorido, mas causa menos olho seco. As atividades podem ser retomadas em 3 ou 4 dias e a completa estabilização da visão se dá entre três e seis meses.
Inteiramente a laser
Outro procedimento é o Lasik que corrige até 8 graus de miopia. Embora o olho fique mais vulnerável aos traumas Queiroz Neto diz que diversos estudos mostram que é seguro para esportes de contato como o futebol.
Pode ser feito inteiramente a laser com a utilização do femtosecond que torna o procedimento mais previsível. Isso porque, o cirurgião faz o corte a laser do flap da córnea, uma espécie de tampa que é levantada para aplicação do laser e posteriormente é recolocada na mesma posição. O especialista afirma que as atividades podem ser retomadas em 24 horas e a estabilização da visão se dá em um mês. Para minimizar o olho seco a recomendação pré e pós-operatória é a suplementação com Ômega 3. Para acelerar a cicatrização, observa, é recomendável suplementação de vitamina C.
Grau alto
Entre 6 e 23 graus de miopia e astigmatismo de 6 graus podem ser corrigidos com um implante de lente intraocular fácica, ou seja, sem retirada do cristalino. Este foi o caso de Carlos César da Silva que tinha 20 graus de miopia e conta que a cirurgia proporcionou uma nova vida. "Agora posso jogar futebol. Essa liberdade não tem preço", afirma. Um estudo realizado por Queiroz Neto mostra que o procedimento é tão seguro quanto a cirurgia a laser. O procedimento é contraindicado para quem pratica artes marciais ou boxe que podem induzir ao glaucoma em caso de trauma.
Quem pode operar
Queiroz Neto afirma que independente da técnica a cirurgia refrativa só é indicada para pessoas com bom filme lagrimal, grau estável há pelo menos um ano, idade acima de 21 anos e ausência de doenças oculares. Para quem tem grau moderado e precisa retomar as atividades rapidamente a técnica do Lasik é a mais recomendada desde que não seja um lutador.