Corpo & Mente

Quanto custa a depressão?

07 jun 2011 às 15:25

Desemprego, absenteísmo ou diminuição de produtividade no trabalho, atendimentos hospitalares, exames, consultas médicas e tratamentos: a depressão tem, sim, seu preço. "E a maioria dos países destina pouca verba ao tratamento dessa enfermidade em comparação com o impacto que ela causa na saúde de uma nação", alerta a psiquiatra Alexandrina Meleiro, doutora em medicina pelo departamento de psiquiatria Faculdade de Medicina da USP. É difícil precisar o custo que todos esses fatores geram a um governo ou a um paciente depressivo, porém, alguns levantamentos conseguem apontar que esses números são bastante importantes e impactantes.

"A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 340 milhões de pessoas sofram de depressão em todo mundo", enumera Alexandrina. Ainda segundo a OMS, cerca de 14% do ônus mundial causado por doenças são atribuídos a distúrbios neuropsiquiátricos – na maioria das vezes devido à natureza incapacitante da depressão e outros problemas mentais.


Em estudo realizado nos Estados Unidos, estimou-se que a depressão acarreta um custo anual de cerca de US$ 83 bilhões, incluindo perda de produtividade, custos diretos e relacionados a suicídio.


Em relação à perda de produtividade, o paciente fica totalmente incapacitado para trabalhar ou conduzir suas atividades normais por 35 dias ao ano. Além disso, a diminuição do desempenho profissional responde por 81% dos custos. Ainda há estudos que mostram que 44% dos pacientes com depressão têm sua capacidade de trabalho comprometida, enquanto 11% atribuem o desemprego à enfermidade.


"Quando se trata de suicídio, de 10% a 15% dos pacientes com depressão o cometem", diz Alexandrina, "um índice três vezes maior do que o da população geral", compara. Outros números importantes apontam os distúrbios mentais como causas importantes de incapacidade e dependência a longo prazo: a OMS atribui 31,7% do total de anos de incapacitação a doenças neuropsiquiátricas, sendo que destas, as principais são citadas abaixo.


· Depressão unipolar (11,8%)


· Alcoolismo (3,3%)


· Esquizofrenia (2,8%)


· Depressão bipolar (2,4%)


· Demência (1,6%)


"Estimava-se que em 2020 a depressão seria a segunda causa de incapacidade no mundo, atrás apenas das doenças cardiovasculares", conta Alexandrina. "Não à toa, essa estimativa foi superada cerca de 10 anos antes do previsto", alerta. Para que esse quadro seja revertido, é preciso que, cada vez mais, o paciente receba um diagnóstico correto o mais cedo possível. "O passo seguinte seria um acompanhamento médico, com psicoterapia e o tratamento mais adequado ao paciente", diz.

E os antidepressivos têm se mostrado com atuação cada vez mais eficaz e diminuição dos eventos adversos – como pouca interferência no peso e na libido, além de baixa probabilidade de interação medicamentosa, inclusive com anticoncepcionais, o que é um ganho para as mulheres. Um exemplo de medicamento da chamada 3ª geração de antidepressivos (Duais), é a desvenlafaxina, que age como inibidor da recaptação da serotonina e da noradrenalina, substâncias do sistema nervoso que são diretamente relacionadas ao mecanismo da depressão. Aliás, a doença pode ser classificada em quatro tipos, de acordo com o grau de acometimento e sintomas (com CDN Comunicação Corporativa).


Continue lendo