De função primordial para o sistema visual, as pálpebras protegem o olho, participam da drenagem das lágrimas e têm papel importante na expressão facial devido à sua posição e curvatura. "As pálpebras são encarregadas de manter a córnea úmida e protegida do ar. Quando piscamos de maneira adequada e a pálpebra está numa posição adequada, tudo funciona bem. Mas qualquer doença na pálpebra pode afetar a forma com que as lentes de contato se ajustam aos olhos", explica o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Geralmente, a principal reclamação do usuário de lentes de contato que apresenta deficiência na pálpebra – mecânica ou alérgica – é o olho seco. "O oftalmologista precisa entender a origem do olho seco e resolver este problema, propiciando a perfeita adaptação das lentes. Em muitos casos, o tratamento adequado abrange a realização de uma cirurgia plástica ocular. Quando realizamos uma intervenção cirúrgica nas pálpebras - estética ou reparadora - o objetivo é a restauração da sua forma harmônica, o que pode englobar cirurgias das próprias pálpebras, das vias lacrimais e da órbita", explica Virgilio Centurion.
Quando é necessário realizar uma cirurgia nas pálpebras
· Aplicação de toxina botulínica - a aplicação da toxina botulínica destina-se a impedir a contração muscular hiperativa. Sua aplicação é confiável e passível de repetição, uma vez que seu efeito é temporário e reversível. "Esta opção terapêutica é clinicamente indicada nos casos de blefaroespasmo; em alguns casos de estrabismo; e, em outros casos de contração muscular hiperativa. Sua aplicação deve ser feita por um oculoplasta capacitado, através de pequenas infiltrações intramusculares", explica a oftalmologista Fernanda Chimello Takay, especializada em plástica ocular. O procedimento é ambulatorial, mas, cuidados após a aplicação devem ser seguidos para evitar efeitos indesejados, mesmo que passageiros, tais como: queda do supercílio, irritação nos olhos, sensação de olho seco, lacrimejamento, sensibilidade à luz e, ainda, queda da pálpebra.
· Blefaroplastia e correção de bolsas de gorduras – "a blefaroplastia é clinicamente indicada nos casos onde o excesso de pele e/ou de gordura, associada ou não à flacidez muscular, estejam prejudicando o aspecto funcional das pálpebras e a conseqüente adaptação das lentes de contato. É também indicada com fins estéticos, desde que não traga prejuízos à funcionalidade palpebral", explica Takay. Como a pele palpebral é muito delgada, a incisão cirúrgica é realizada em um dos sulcos palpebrais, fazendo com que a cicatriz fique praticamente invisível. Em seguida, é realizada uma ressecção do excesso de pele e de gordura, para posterior sutura. O tempo cirúrgico gira em torno de uma hora e meia. "Visando o bem estar do paciente, em geral, optamos pela anestesia local, com leve sedação. No pós-operatório, em geral, não há dor. Após a cirurgia, o paciente poderá manifestar uma certa sensação de dormência, resultado da secção de algumas terminações nervosas. Hematomas locais também podem aparecer. Nesses casos, será indicado o uso de compressas geladas. Deve-se evitar a exposição ao sol e ao vento, bem como ao frio, durante a primeira semana, após a cirurgia", diz a oculoplasta do IMO, Fernanda Takay. A cirurgia é contra-indicada em casos de pacientes com olho seco, olheiras e edema palpebral provocado por distúrbios clínicos.
· Correção de ptose palpebral e de supercílios – a ptose palpebral é a queda da pálpebra superior, podendo ser de origem congênita ou adquirida. O normal é que a pálpebra superior cubra apenas de 1 a 2 mm da porção superior da córnea. A ptose congênita é aquela onde a criança já nasce com a pálpebra caída devido a uma alteração do músculo elevador da pálpebra ou a uma paralisia do nervo. A ptose adquirida é aquela onde a queda palpebral ocorre após o nascimento, podendo ser causada por diversas razões. "O tratamento cirúrgico da ptose é indicado quando ocorre interferência na visão do paciente. Na ptose congênita, a cirurgia deve ser realizada sempre que a mensuração dos parâmetros determinantes do grau de funcionamento dos músculos envolvidos no movimento das pálpebras possa ser obtida, o que, em geral, ocorre entre 3 e 4 anos de idade. Mas, se existir o risco de ambliopia devido à gravidade da ptose, a conduta cirúrgica estará indicada mais cedo", esclarece Fernanda Takay. Existem várias técnicas para a correção cirúrgica da ptose. Para a determinação da técnica a ser empregada é preciso avaliar a função do músculo elevador da pálpebra e do músculo frontal, assim como a posição da pálpebra ao se olhar para baixo, a posição da prega palpebral e outros sinais associados. A correção cirúrgica da ptose está contra-indicada nos casos onde a ptose possa ser transitória, tal como quando ela deriva de certas doenças sistêmicas. Nesses casos, a doença sistêmica deve ser tratada.
· Correção do ectrópio - o ectrópio é uma condição clínica onde ocorre eversão da margem palpebral, ou seja, a pálpebra vira para fora. A causa mais freqüente é o próprio envelhecimento, que provoca a flacidez horizontal da pálpebra inferior, resultando em excesso de tecidos palpebrais e conseqüente eversão da margem palpebral. O ectrópio pode ainda ser congênito, como nas síndromes dismórficas; paralítico, por paralisia do nervo facial; cicatricial, quando resulta de queimaduras químicas ou térmicas, bem como de complicações cirúrgicas e, de cicatrizes palpebrais originárias de ferimentos provenientes de cortes. O ectrópio, em alguns casos, decorre de processos alérgicos, assim como pode ter origem mecânica, provocada por tumores palpebrais. "A cirurgia para correção do ectrópio é indicada quando a eversão palpebral provoca uma exposição do terço inferior do olho, provocando lacrimejamento, irritação do olho ou da pálpebra, ceratite punctata superficial e espessamento e hiperemia conjuntival. A cirurgia também é necessária nos casos mais graves, onde ocorre queratinização da conjuntiva exposta devido ao ressecamento crônico", afirma a médica.
· Correção do entrópio – o entrópio é uma condição clínica onde ocorre inversão da margem palpebral, ou seja, a pálpebra vira para dentro. A causa mais freqüente para o surgimento do problema é a própria idade, que provoca a rotação interna da margem palpebral devido ao enfraquecimento dos músculos retratores da pálpebra inferior. Isto faz com que a porção inferior da pálpebra vire anteriormente, posicionando a margem e os cílios contra o globo ocular. O entrópio pode ainda ser congênito; espástico, causado por irritação ocular; pode decorrer de blefaroespasmo; pode ser cicatricial, quando resulta de queimaduras químicas ou térmicas, bem como de complicações cirúrgicas e de cicatrizes palpebrais causadas por ferimentos provenientes de cortes. O entrópio pode ainda estar presente na fase cicatricial do tracoma, penfigóide ocular, Stevens-Johnson, dentre outros. "A cirurgia para a correção do entrópio é indicada sempre que a inversão palpebral provocar irritação ocular, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, olho vermelho e ceratite punctata superficial devido ao atrito dos cílios com a superfície do olho", explica a oculoplasta do IMO.
· Correção de triquíase - a triquíase é uma condição clínica onde os cílios tocam a superfície do globo ocular, prejudicando a adaptação das lentes de contato. Outra condição semelhante é a distiquíase, na qual a margem palpebral encontra-se em posição normal, mas existe uma fileira anômala de cílios que tocam a córnea. As causas mais frequentes para o aparecimento da moléstia são: entrópio, blefarite, penfigóide ocular, fase cicatricial do tracoma, Stevens-Johnson, queimaduras químicas e térmicas, dentre muitas outras. "A cirurgia para a correção da triquíase é indicada sempre que o atrito dos cílios com a superfície do olho provocar irritação ocular, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, olho vermelho e ceratite punctata superficial", diz a oftalmologista Fernanda Takay (com MW- Consultoria de Comunicação).