O carnaval está chegando, com muitas opções de diversão para todo mundo. Mas alguns cuidados com a saúde são essenciais, principalmente para quem acompanha blocos e trios elétricos ou desfila em escolas de samba. Fazer uma alimentação leve, moderar o consumo de álcool e ingerir bastante água são regras básicas. Muita gente esquece, porém, de cuidar das articulações do corpo, que também precisam estar preparadas para aguentar a agitação dos dias de festa.
De acordo com o médico ortopedista Vitor Trazzi, da Altacasa Clínica Médica, para desfrutar da folia sem riscos é essencial tomar algumas precauções: fazer alongamentos leves pela manhã e à noite; ter cuidado com terrenos acidentados e buracos na rua; e usar calçados confortáveis para maior conforto dos pés e membros inferiores. A sobrecarga gerada por horas caminhando, dançando ou ficando em pé pode resultar em fadiga muscular e aumento da tensão nas articulações dos membros inferiores, gerando dor e desconforto.
"Durante o carnaval, a permanência por longos períodos em pé, andando e dançando nos blocos e bailes, pode gerar desconfortos lombares e articulares, principalmente nos membros inferiores. Estes, por sua vez, também apresentam o risco de traumas torcionais – principalmente devido a irregularidade das ruas e calçadas. Quedas também podem ocorrer", explica Trazzi.
Cuidado com excesso de álcool e medicamentos
O ortopedista alerta ainda que durante a folia também podem acontecer lesões relacionadas ao consumo abusivo de bebida alcoólica. "É importante moderar o consumo de álcool. Com o excesso, ocorre a diminuição dos reflexos e da propriocepção - capacidade corpórea de se auto perceber no ambiente -, facilitando quedas em calçadas e tropeções, que podem causar desde lesões simples, como contusões, até situações mais graves, como fraturas. A queda com uma garrafa de vidro na mão, por exemplo, pode produzir ferimentos que podem chegar a seccionar tendões", adverte.
Segundo o médico, na capital paulista, o uso indiscriminado de remédios sem orientação médica para alívio de dores e mal estar também pode causar sérios problemas. "O uso de analgésicos (dipirona ou paracetamol) e, eventualmente, um relaxante muscular, pode ajudar os foliões a aliviar dores. Mas é preciso cuidado ao tomar anti-inflamatórios sem a devida prescrição médica, já que este tipo de medicamento pode ocasionar alterações na pressão arterial, sérios problemas gastrointestinais e, em casos extremos, alterações renais e cardíacas. No caso específico de relaxantes musculares, sua associação com álcool pode levar à sonolência extrema e provocar acidentes de trânsito", orienta o especialista.
Idosos na folia
A turma da chamada "terceira idade" não precisa deixar de participar da folia, mas o ortopedista chama a atenção para alguns cuidados, a fim de evitar quadros mais graves como fraturas, devido à menor quantidade de massa muscular e mineral óssea, que em geral ocorre por causa do processo natural do envelhecimento, assim como a redução do equilíbrio e da coordenação motora.
"Os idosos podem e devem brincar o Carnaval, mas os cuidados devem ser redobrados. Devem priorizar o uso de calçados confortáveis e ter cuidado ao andar nas calçadas irregulares. Como em todos os dias, mas principalmente quando se caminha por um período maior, o mais seguro é o uso de sapatos baixos e planos, de preferência tênis, pois os mesmos geram mais estabilidade do pé e tornozelo. O calçado deve ter também um solado aderente ao solo, não deve ser liso para não causar escorregões", aconselha o ortopedista. E ele complementa: "o uso de meias de algodão limpas e secas ajuda a evitar bolhas e dores fortes nos pés".