Seu filho está acima do peso, mas você acredita que quando ele crescer isso ''passa''? Não espere. A recomendação de especialistas é intervir sempre o mais cedo possível. ''Pesquisas científicas mostram que se a criança obesa não tem um acompanhamento rígido, de nutrição e atividade física, ela não emagrece. Em apenas 30% dos casos pode acontecer de ela emagrecer apenas com o crescimento. Mas vale a pena esperar e arriscar a criança a todas as consequências da obesidade?'', alerta a nutricionista Eliane Garcia, de Londrina.
As consequências a que ela se refere fazem parte também do universo adulto - doenças como diabetes, hipertensão, colesterol alterado, osteoporose, anemia, além de problemas na autoestima, que propiciam transtornos alimentares como anorexia e bulimia.
Outro problema é que a criança obesa tem mais chance de virar um adulto igualmente obeso. Isso acontece porque é na infância que as células adiposas aumentam em quantidade, além de tamanho. Com uma alimentação inadequada, e falta de atividade física, além de crescer, elas vão se multiplicando. Quando o indivíduo emagrece, as células murcham, mas não desaparecem, e podem voltar a inchar. ''E quando há mais células isso acontece com uma facilidade maior. Por isso quanto mais tempo obeso, mais difícil emagrecer''.
Hora de mudança
Se a atitude de se alimentar está ligada a abrir caixas ou pacotes é hora de mudar. ''As crianças passam a acreditar que comida tem que vir em 'pacotinho' e não têm o hábito de uma alimentação natural. Ter saúde dá trabalho, não adianta querer ser prático'', alerta a nutricionista.
Até os quatro anos de idade, a criança forma seu gosto por alimentos. ''Ela não conhece os sabores ainda e até os quatro anos o paladar se acostuma com o doce, o salgado, o amargo, etc, por isso é importante dar todo tipo de alimento e sempre insistir'', recomenda. O exemplo também é fundamental. ''As crianças copiam os pais e se alimentam com o que tem em casa. Então, a gente tem que pensar: 'tem salada todos os dias em casa?', 'tem fruta?'', questiona.
Outro fator a levar em conta é o valor que se dá a comida. ''É comum quando o bebê chora a mãe dar logo leite, sem perceber se o choro não é por frio ou algum outro incômodo. A criança vai crescendo e aprendendo que tudo melhora com comida'', ressalta.
Eliane defende que, com informação sobre alimentação saudável, as próprias crianças vão solicitar melhores escolhas aos pais. ''Se você ensina a criança sobre a importância de nutrir as células, claro que com uma linguagem própria, elas não vão recusar alimentos mais saudáveis. E isso poderia ser ensinado na escola'', sugere.