A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou neste sábado (28) que não existe 'justificativa' para adiar os Jogos Olímpicos do Rio por conta do vírus zika e que mesmo alterar o local do evento teria um impacto limitado na transmissão da doença. Para mostrar que o risco não é significativo, a diretora da OMS, Margaret Chan, confirmou que estará na abertura dos Jogos, no dia 5 de agosto.
A declaração da entidade fui publicada um dia depois que um grupo de 150 cientistas emitiu uma carta aberta à OMS solicitando que o evento no Brasil seja adiado. Essa foi a terceira vez que cientistas fizeram um apelo semelhante. Para o grupo, realizar o evento "não é ético". Eles citam o 'fracasso' o País em reduzir a população de mosquitos.
Para os cientistas, a OMS tem um conflito de interesse por ser parceira do COI. Eles apontam que realizar o evento representa um "risco desnecessário para 500 mil pessoas". Em todas as ocasiões, a OMS respondeu da mesma forma e se recusou a ceder. Já o COI usa a OMS como escudo para alegar que vai adiante com os Jogos por conta da recomendação da agência de saúde.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, a alta cúpula da OMS admitiu em fevereiro que um dos motivos pelo qual decidiu declarar uma emergência internacional era justamente para colocar regras sobre o que era e o que não seria autorizado a ser adotado contra o Brasil. O temor era da proliferação de medidas restritivas contra o País.
Agora, essa tese é reforçada por mais uma declaração. "Baseado na avaliação atual de que o vírus da zika está circulando em quase 60 países pelo mundo e em 39 nas Américas, não existe justificativa de saúde pública para adiar ou cancelar os Jogos", declarou a OMS na manhã deste sábado. A entidade também aponta que "cancelar ou mudar o local dos Jogos de 2016 não irá mudar de forma significativa a transmissão internacional do zika vírus".
"O Brasil é um dos quase 60 países que estão relatando transmissão de zika por mosquito. As pessoas continuam a viajar por esses países por várias razões", insistiu a entidade.
No mês passado, quando foi também questionada por outro cientista sobre a necessidade de adiar os Jogos, a OMS publicou um guia para atletas e estrangeiros que estejam a caminho do Rio. A principal recomendação é direcionada para as grávidas, solicitando que essas mulheres não viagem ao Brasil para o evento.
A mesma recomendação voltou a ser publicada neste sábado. "A OMS recomenda às mulheres grávidas que não viagem para áreas com transmissão do zika vírus e isso inclui o Rio de Janeiro", disse a entidade, em uma nota.
Outra sugestão é de que parceiros de mulheres grávidas retornando do evento no Brasil pratiquem sexo seguro ou abstenção por todo o período da gravidez. Aos casais que não estejam planejando uma gravidez, a OMS sugere que usem preservativos por quatro semanas ao retornar do Rio de Janeiro.
Aos turistas e jornalistas estrangeiros, a recomendação é para que escolham locais de hospedagem com ar condicionado e que mantenham sempre portas e janelas fechadas para impedir que mosquitos entrem nos quartos. O uso de repelentes e roupas adequadas também fazem parte do guia.
Uma das recomendações que causou já polêmica no mês passado voltou a ser publicado neste sábado. A OMS recomenda que estrangeiros evitem áreas pobres do Rio, onde haveria esgoto a céu aberto ou água encanada. Segundo a entidade, o risco de picadas de mosquito nesses locais é maior.