Atualmente mais de 450 milhões de pessoas no mundo sofrem com algum tipo de transtorno mental, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 23 milhões de pessoas necessitam de algum atendimento em saúde mental e pelo menos 5 milhões de brasileiros sofrem com transtornos mentais graves e persistentes. Nesse universo encontram-se doenças como depressão, suicídio, transtornos de ansiedade, dependência de álcool e drogas, além de problemas relacionados à saúde mental das crianças.
Ainda de acordo com a OMS, na maioria dos países menos de 2% dos recursos da saúde são gastos com saúde mental e entre 75% e 85% das pessoas que sofrem com esses transtornos não recebem qualquer tipo de tratamento. Contudo, 14% da carga global de doença é atribuída aos distúrbios mentais, evidenciando o tratamento em saúde mental como uma questão essencial de política pública.
O Brasil, apesar dos esforços, também enfrenta uma assistência deficitária. Malfada a uma interpretação enviesada, a Lei 10.216/2001, que prevê mudanças importantes para a área de saúde mental, tem culminado na desvalorização da psiquiatria e na ausência de investimentos em ferramentas terapêuticas efetivas, considerando-se os diferentes níveis de gravidade das doenças mentais e das necessidades dos grupos de pacientes. Acentuam-se as lacunas no atendimento, enquanto outras ditas soluções, de custo-benefício ainda não bem avaliado, como é o caso dos CAPS (Centros de Apoio Psicossocial) continuam a ser anunciadas de forma festiva, como que resolutivas.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) apóia um modelo humanitário e defende que um bom atendimento deve oferecer uma rede de serviços integrada e hierarquizada, com um sistema planejado com base na criação de leitos em hospitais gerais e UBS, unidades de emergência, ambulatórios especializados, residências terapêuticas, atenção preventiva, CAPS e também hospitais especializados, levando em consideração as necessidades específicas de cada paciente.
As condições de saúde mental são responsáveis por uma grande quantidade de mortalidade e incapacidade, por isso é necessário um atendimento especializado, com a orientação de um médico psiquiatra, algo que, infelizmente, na maioria dos casos não ocorre.
No dia 10 de outubro, data que marca o Dia Mundial da Saúde Mental, a ABP manifesta seu compromisso social com a qualidade de vida das pessoas que sofrem com algum tipo de transtorno mental e espera que medidas em prol da assistência estejam sempre em pauta (com Associação Brasileira de Psiquiatria).