Corpo & Mente

Incor quer rastrear vítimas do colesterol alto

28 set 2012 às 14:47

Médicos do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) querem rastrear quem são os 400 mil brasileiros que sofrem de hipercolesterolemia familiar. A doença, silenciosa, é resultado de uma mutação genética que causa colesterol alto desde a infância. O resultado: risco até 20 vezes maior de enfarte e derrame cerebral precoces. Nesta sexta-feira, o Incor faz campanha gratuita para detectar o mal na população. Serão distribuídas 500 senhas.

A hipercolesterolemia familiar é diagnosticada por exame genético. Com uma gota de sangue, os médicos identificam o colesterol alto. Aqueles com LDL (o colesterol ruim) acima de 210 mg/dl serão encaminhados para o teste de DNA. Os pesquisadores procuram, então, as mutações no gene responsável pela retirada do LDL da corrente sanguínea. Como esse gene não atua corretamente em quem tem a mutação, as placas de gordura se formam nas paredes de vasos e artérias desde a infância - daí, a ocorrência de doenças cardiovasculares precocemente.


"É muito dramática essa doença, porque as pessoas ficam assintomáticas por longo tempo e, muitas vezes, o primeiro sintoma é a morte súbita. O diagnóstico genético é importante porque permite descobrir outros casos na família", diz a cardiologista do Incor Ana Paula Chacra.


O administrador Clecio Pavan, de 42 anos, tem colesterol alto desde os 11. Começou a pensar que poderia ser um problema hereditário quando a mãe dele enfartou, aos 54 anos, em 1993. Mas só neste ano descobriu a mutação. "Fui o primeiro a ser diagnosticado. Meu colesterol estava em 380." Vinte pessoas da família foram testadas - oito estão em tratamento no Incor, até as filhas dele, de 13 e 9 anos.


"Mudamos o estilo de vida. Minhas filhas treinam handebol; emagreci 10 quilos desde julho", diz Pavan, que, com a ajuda de medicamento, baixou o colesterol para 150.

Segundo Ana Paula, se uma pessoa tem o diagnóstico positivo, toda a família é testada, até crianças a partir de 2 anos - a chance de um parente ter a doença é de 50%. "Fazemos o rastreamento em cascata para saber quem é esse paciente que não sente nada, diagnosticar e tratar." O tratamento inclui medicamentos, como estatinas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.


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