Corpo & Mente

Hospital usa videogame para tratar transtornos

09 fev 2011 às 09:57

Um hospital espanhol conta com uma nova ferramenta para tratar vícios em jogo e transtornos de alimentação, um videogame terapêutico que permite trabalhar aspectos básicos para superar estas patologias, como a tolerância à frustração e o autocontrole.

O videogame foi desenvolvido entre 2007 e 2010 pelo Consórcio Playmancer, formado por cientistas e técnicos de seis países europeus, e desde setembro é aplicado a alguns dos pacientes da área de Psiquiatria do Hospital de Bellvitge, em Barcelona.


O responsável pela Unidade de Transtornos da Alimentação desse centro hospitalar, Fernando Fernández, explicou em entrevista coletiva que o videogame, denominado "Islands", transporta o usuário para uma ilha e coloca como objetivo sair dela. Não "ganha" quem sai primeiro, mas quem tem mais autocontrole e está mais relaxado.


Através de biossensores, o jogo detecta as expressões faciais e de voz, além das reações fisiológicas da pessoa que o utiliza, e isso permite que as reações emocionais do paciente influenciem no desenvolvimento do jogo.


Fernández assinalou que "o objetivo não é sair rápido, mas de maneira pausada e reflexiva", e acrescentou que "os pacientes conseguem superar as provas e sair da ilha se reagirem com autocontrole às situações".


Lembrou que a proposta se dirige a pessoas com dependências diversas, que têm em comum uma baixa autoestima, uma baixa tolerância à frustração e que agem por impulsos.


"O tratamento convencional dá resultado, mas apresenta carências em alguns aspectos que tratamos de suprir com esta alternativa", disse.


Por sua parte, a responsável da Unidade de Jogo Patológico do hospital espanhol, Susana Jiménez, apontou que "o videogame pretende incidir em aspectos que são resistentes ao tratamento, como por exemplo as pessoas que desenvolvem agressividade ou que têm baixa tolerância ao aborrecimento".


Entre as provas que devem superar se destaca uma sessão em um submarino.


O paciente deve chegar à superfície e para isso dispõe de uma certa quantidade de oxigênio que aparece em uma barra na parte inferior da tela. Se ele ficar nervoso ou atuar de maneira impulsiva gasta mais, não conseguindo sair.


"O jogo capta as expressões e as emoções do paciente, de modo que sabemos o que está produzindo nele e podemos reconduzi-lo para que ganhe autocontrole e planejamento", disse Fernández.


Se o videogame gera uma elevada tensão no paciente, o jogo o leva a uma zona de relaxamento onde, com exercícios de respiração, pode conseguir oxigênio para tentar continuar superando as provas.


"Não ganha o que chega mais rápido, mas o que tem mais autocontrole e está mais relaxado perante uma determinada tarefa", insistiu Fernández.


Por enquanto, o jogo faz parte do tratamento de 30 pacientes - 15 com dependência em jogos e 15 com transtornos de alimentação -, e os resultados a curto prazo são "extraordinários".


"Agora - disse Fernández - devemos estudar se também são a médio e longo prazo".

A responsável da Unidade de Jogo Patológico destacou, por sua parte, que o jogo ajuda a induzir e regular determinados estados emocionais nas pessoas com dependências, assim como a fomentar sua capacidade de planejamento e avaliação das consequências de suas decisões a curto e médio prazo.


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