O exame da marcha oferecido pelo Centro Hospitalar de Reabilitação, do Governo do Estado, em Curitiba, traz benefícios para crianças que apresentam deficiência motora em decorrência de paralisia cerebral. Rafaely Vitória Valoto dos Santos, 13 anos, agora pode brincar normalmente e Gustavo Wendler Grillanda, 11 anos, foi submetido à avaliação e será possível estudar a melhor forma de ajudá-lo a caminhar com mais qualidade.
O exame, considerado de alta complexidade e de alto custo, é realizado no Laboratório de Marcha, o primeiro do sul do Brasil e o único a prestar serviços exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O investimento é de aproximadamente R$ 1 milhão, e os encaminhamentos são feitos pelas regionais de saúde e hospitais credenciados ao sistema.
"Em três anos, foram investidos R$ 39 milhões na aquisição de equipamentos para os hospitais do Governo do Paraná, incluindo um tomógrafo para o Centro Hospitalar de Reabilitação", explica o superintendente de Unidades Hospitalares Próprias, da Secretaria da Saúde, Charles London.
EQUIPE – O Laboratório de Marcha do CHR é operado com equipe multidisciplinar composta por médicos ortopedistas, fisioterapeutas e engenheiro mecatrônico. O ortopedista pediátrico Alessandro Melanda afirma que o exame dura em média quatro horas e são necessárias 12 horas para ser finalizado.
Depois do exame propriamente dito, é necessária a compilação dos dados e a elaboração do laudo tridimensional (3D) capaz de nortear o tratamento ortopédico do paciente. "O exame avalia todos os movimentos do corpo e proporciona mais assertividade para o tratamento, seja ele com fisioterapia, medicamento ou cirurgia", explica o médico.
A médica ortopedista pediátrica Ana Carolina Pauleto informa que, além das crianças com paralisia cerebral, podem ser beneficiados amputados, pacientes com problemas neurológicos (com sequelas de AVC) e motores. "Este é um exame complexo, que deve ser indicado a partir de rigorosa avaliação clínica", diz a médica. Mais de 80 exames como este já foram realizados no Paraná.
SOLUÇÃO – Quem observa Rafaely, em sala de aula, brincando com os colegas, não imagina que antes de 2011, esta atividade era quase impossível para a menina. As pernas tortas faziam com que Rafaely se locomovesse com dificuldade e sem equilíbrio.
Em 2011, ela foi submetida ao exame da marcha no Centro Hospitalar de Reabilitação. "A Rafaely foi uma das primeiras crianças a se beneficiar com este exame", afirma a mãe, Telma Valoto Gonçalves. Do exame veio a indicação para a cirurgia reabilitativa que permitiu que a menina andasse normalmente.
"Hoje ela tem uma vida normal. Cursa o terceiro ano do ensino fundamental em uma escola municipal de Araucária. Brinca com as crianças da escola sem nenhuma dificuldade", disse. Também é aluna aplicada, gosta de matemática e de ler livros na biblioteca do colégio.
ESPERANÇA – Gustavo nasceu prematuro e teve paralisia cerebral por intercorrências durante o parto. Os pais do menino, Gilmar Grillanda, 46 anos, e Maria Izabel Wendler Grillanda, 40 anos, contam que o menino começou o tratamento quando tinha 6 anos e que já evoluiu muito, porém ainda não caminha com segurança. "Este é o primeiro exame deste tipo a que temos acesso. O Gustavo é muito esforçado e com certeza vai reagir bem aos novos tratamentos, que forem indicados com o resultado deste exame", afirma o pai.
O maior desejo da família é que Gustavo fique mais independente e possa brincar com os irmãos e amigos, inclusive com o irmão gêmeo Guilherme, que não tem paralisia cerebral. A família de Gustavo mora em São Pedro do Ivaí e o menino faz tratamento em Londrina, no Norte do Estado.