Segundo informações da Sociedade Brasileira de Cefaleia, pelo menos 95% da população mundial terá ao menos uma crise de dor de cabeça em sua vida. O órgão ainda chama a atenção para o fato de existirem mais de 150 tipos de dores de cabeça e, deste total, 15% a 20% são decorrentes de problemas na coluna cervical.
Cefaleia cervicogênica é o nome da dor que se desenvolve a partir de má-postura, tensões, traumas, doenças ortopédicas e neurológicas que afetam a estrutura da coluna, na região do pescoço, mas se manifesta na cabeça e face.
Cezar de Oliveira, neurocirurgião, especialista em cirurgia da coluna, explica que isso acontece porque "as raízes nervosas localizadas entre as vértebras C1 e C3 possuem o mesmo canal que o nervo trigêmeo, que se estende até a face, nas regiões ocular, mandibular e maxilar. Dessa forma, quando os nervos da cervical C1 e C3 sofrem algum dano ou compressão, podem irradiar sua dor para a região do trigêmeo”.
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De acordo com artigo publicado na Revista Neurociências, os sintomas que indicam cefaleia cervicogênica costumam ser: dor de cabeça em apenas um lado, de modo contínuo (sem pulsação) e intensidade moderada. Ela pode acompanhar dor na coluna cervical, entre as vértebras C1 e C3, e provocar dificuldade para os movimentos habituais do pescoço.
Tratamentos
Uma vez diagnosticada a participação da cervical na dor de cabeça, é possível conduzir o correto tratamento para restaurar a qualidade de uma vida sem dor. "Vamos agir para tratar a causa do problema na coluna e isso refletirá no cessamento das dores de cabeça”, observa o especialista.
Entre as opções de tratamento disponíveis, estão: medicamentos por via oral ou infiltração de anestesia diretamente no local; denervação facetária por radiofrequência, para suprimir a comunicação de dor entre o nervo e o cérebro; indicação de fisioterapia, para fortalecimento muscular e alinhamento postural; e cirurgia, quando necessária.
"Poucas pessoas imaginam que dor na coluna pode provocar dor de cabeça. Por isso o paciente deve ser atendido de forma global e integrada e individualizada, para identificar a real causa da dor e, a partir daí, procurar o melhor tratamento”, encerra Cezar de Oliveira.