Com a determinação da quarentena no estado de São Paulo há aproximadamente 70 dias, para tentar conter o surto de coronavírus, os problemas psicológicos do dia a dia foram potencializados. Os medos vão desde morrer em decorrência da doença ao temor de passar fome, o que acaba afetando ainda mais a saúde mental das pessoas.
Esses temores aumentaram as sensações de ansiedade, insegurança, tristeza e outros sentimentos ruins diante do isolamento social e das incertezas em relação ao futuro.
"Eu diria que as pessoas normais estão com esses medos porque senão elas não seriam normais. As que já têm neuroses, psicoses e outras coisas mais poderão até negar e entrar em negação da quarentena", afirma Maria de Fátima Cardoso da Cunha Mora, presidente da SBPI (Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa).
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Por causa dessa nova realidade, Maria de Fátima se uniu a um grupo de cerca de 150 profissionais para criar a Rede de Apoio Solidário em todo o país, que faz o atendimento psicológico de pessoas que precisem de tratamento durante a quarentena.
Essa rede se junta ao CVV (Centro de Valorização da Vida), que possui cerca de 3.500 voluntários em todo o território nacional para atender 24 horas por dia no telefone gratuito 188, por e-mail ou por chat.
Segundo Antonio Batista, que faz atendimentos e também é formador de voluntários, o CVV atende anualmente 3,5 milhões de pessoas, sendo que 90% desse número é pelo telefone.
"Esse número vem crescendo. Em relação à quarentena, ainda não dá para saber se aumentou a quantidade de procura, mas o que podemos perceber é que está muito presente nos contatos falar de isolamento, de sentir-se só, de pessoas com receio de ir para o hospital ou do fato de não poder acompanhar um enterro", diz.
Além de buscar o auxílio com profissionais, há algumas dicas que podem ajudar a manter a saúde mental.