O Brasil é o segundo país, em uma lista de 25, com menos pessoas favoráveis ao aborto, segundo uma nova pesquisa, feita com 18 mil pessoas pelo instituto Ipsos.
Os dados, divulgados nesta terça-feira (18), mostram que só 16% dos brasileiros acreditam que a prática deveria ser permitida em qualquer caso, ou seja, sempre que a mulher desejar. A média global é de 44%.
O apoio recuou consideravelmente desde o ano passado: enquanto 61% dos brasileiros entrevistados em 2019 disseram ser favoráveis ao aborto em qualquer circunstância ou em alguns casos, como o de abuso, neste ano o número dessas duas categorias somadas baixou para 53%.
Leia mais:
Projeto de Londrina que oferece música como terapia para Alzheimer é selecionado em edital nacional
Unindo religião e ciência, casa católica passa a abrigar consultório psicológico gratuito na zona sul
'Secar' o corpo até o verão é possível, mas exige disciplina e acompanhamento
Ministério da Saúde inclui transtornos ligados ao trabalho na lista de notificação compulsória
No ranking mundial, a Malásia é o país menos favorável à interrupção da gestação por vontade da mulher, com 10% de respostas positivas. O Brasil vem em seguida, empatado com o Peru.
Na outra ponta, aparecem a Suécia, com 76% de pessoas que consideram que o aborto deve ser permitido sempre que a mulher desejar, o Reino Unido, com 67%, e a França, com 66%.
Pela lei brasileira, o aborto é autorizado em casos de gestação resultante de abuso ou quando há risco de vida para a gestante.
Neste mês, o caso de uma menina de 10 anos que engravidou decorrente de abuso pelo tio teve repercussão nacional. Após ter o direito ao aborto negado no Espírito Santo, onde vive, ela viajou para Pernambuco, onde realizou o procedimento sob protestos de grupos conservadores na porta do hospital.
Dos brasileiros entrevistados pelo instituto Ipsos, o maior grupo (38%) é o dos que acreditam que o aborto deve ser permitido em determinadas circunstâncias, como em caso de abuso. Em seguida vêm 21% que acreditam que a interrupção da gestação não deve ocorrer em momento algum, a não ser quando a saúde da grávida estiver em risco.
Depois vêm os 16% que apoiam a permissão em qualquer circunstância e outros 13% que acham que não deve ser aceito por lei em nenhum caso.
Também no Brasil, o índice dos favoráveis à interrupção da gestação em qualquer caso é ligeiramente maior entre mulheres (17% contra 15% dos homens), entre os que têm menos de 35 anos (22% contra 10% dos que têm mais de 50 anos) e com maior escolaridade (21% contra 5% dos menos escolarizados).
No recorte por região do mundo entre os 25 países do estudo, a Europa é o continente mais permissivo, com 58% dos entrevistados respondendo que o aborto deve ser permitido sempre que a mulher desejar e 22%, em determinadas circunstâncias, totalizando 80%.
Na América do Norte, 47% são totalmente a favor e 24% são favoráveis em certos casos, somando 71%. Na Ásia e no Pacífico, os índices são de 43% e 28%, respectivamente, totalizando 71% também.
Já na América Latina o total de apoio é de 62%, com 26% favoráveis à interrupção da gestação em qualquer caso e 36%, em algumas situações.
No Oriente Médio e na África, os números são de 38% de apoio total e 22% em certos casos, somando 60%.
Para o levantamento, o Ipsos entrevistou 17.997 adultos em 25 países entre 22 de maio e 5 de junho.
No Brasil, foram mil pessoas, em uma amostra que corresponde a uma parcela mais urbana, escolarizada e conectada do que a média da população. A margem de erro para o país é de 3,5 pontos percentuais.