A busca incansável e, às vezes, a qualquer custo, do preparo físico ideal para alcançar os melhores resultados podem resultar em sérias lesões, fadiga e fraturas por estresse. Para se prevenir destas complicações, os atletas de alto nível precisam de uma equipe multidisciplinar para monitorar e acompanhar os treinamentos para evitar danos à saúde. Treinadores, fisiologistas, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e outros profissionais como psicólogos ajudam no desenvolvimento físico e mental dos competidores.
Os treinos para o aperfeiçoamento do gesto esportivo e melhora da técnica devem ser estabelecidos desde o início, ou seja, na infância. "O atleta de ponta é formado na base. Logicamente que o talento também é importante, mas se puder associar o melhor do preparo físico ao talento individual, podemos chegar à perfeição", afirma o Dr. Moisés Cohen, chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte.
Os treinos são elaborados de acordo com a modalidade esportiva e as características dos atletas envolvidos, como sexo, idade e condicionamento físico inicial, além do tempo de duração das competições. A preparação planejada, organizada e bem orientada criará condições favoráveis para o desenvolvimento das capacidades biomotoras condicionantes e coordenativas como a força, a resistência, a velocidade e a flexibilidade.
Evolução e materiais eletrônicos
De acordo com o Dr. Moisés Cohen, existe uma diferença acentuada na preparação física atual comparada as décadas anteriores. "É enorme, tanto do ponto de vista do atleta, sua fisiologia, seu preparo cardiovascular e musculoesquelético, do diagnóstico precoce de patologias e seus tratamentos, como também de tudo aquilo que envolve o preparo e treinamento físico do atleta", ressalta.
A evolução tecnológica no âmbito esportivo é fundamental no planejamento de como executar e ajudar o desenvolvimento dos competidores. "Hoje existem vários aparelhos e exames que detectam as mínimas alterações na condição física e clínica do atleta, como também informa o que fazer para que estas alterações possam ser resolvidas", completa.
Alongamento e alimentação
Os alongamentos são exercícios voltados para o aumento da flexibilidade muscular, promovendo o estiramento das fibras musculares, fazendo com que elas aumentem o seu comprimento. "O principal efeito é o ganho da flexibilidade, ou seja, é a maior amplitude de movimento possível de uma determinada articulação. Quanto mais alongado um músculo, maior será a movimentação da articulação comandada por aquele músculo e, portanto, maior sua flexibilidade", completa.
Os atletas devem seguir uma orientação nutricional e a alimentação deve ser individualizada, pois cada indivíduo tem gasto energético próprio, calculado de acordo com seu peso, sua estatura, sua idade, seu sexo e também com a sua atividade física. Os principais suplementos utilizados são as bebidas isotônicas e os cereais.
O especialista alerta que a utilização de substâncias ilegais, como os esteróides, não possui benefícios e ainda resultam em grandes prejuízos a saúde. "Nenhuma vantagem. A curto prazo o atleta erroneamente acha que vai melhorar sua condição muscular e consequentemente sua performance, mas a longo prazo os prejuízos para saúde são enormes, e a vida útil de atleta se reduz muito. No organismo, os esteróides invadem certas células, como as musculares e as do fígado, e provocam alterações bioquímicas. Nos músculos, além de reter líquidos, os anabolizantes aceleram a atividade metabólica", diz o médico. Ele acrescenta que este "atalho curto" pode custar caro para o organismo e os efeitos colaterais são devastadores. "Insuficiência renal, hepática e cardíaca podem levar o indivíduo à morte".