Ingerir alguns comprimidos do medicamento para curar ressaca pode causar uma lesão hepática fulminante, segundo a farmacêutica Silvana Maria de Almeida, do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo.
O cuidado vale mesmo se a dosagem for menor do que a diária recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que é de até 4.000 mg. Segundo ela, o álcool associado ao paracetamol também pode provocar sangramentos no estômago.
Esses são apenas alguns dos riscos que o uso indiscriminado do paracetamol, um dos medicamentos mais populares no mundo no combate à dor e à febre, pode acarretar para a saúde.
Fígado
A maior preocupação ao se usar o medicamento em excesso está ligada aos danos que pode causar ao fígado. Após ser ingerido e processado pelo organismo, uma das sobras desse processo é o composto NAPQI, que é tóxico.
Doses altas do medicamento fazem com que o NAPQI fique acumulado no fígado, atacando as moléculas que formam as membranas das células hepáticas e levando-as à morte. Se não for interrompido, o processo pode levar à falência do fígado e à morte do indivíduo.
Em geral, os sintomas se manifestam quatro horas depois da superdosagem. Após um período de 24 horas, há convulsões e a piora do quadro.
Em 72 horas, com a destruição do fígado, o organismo não metaboliza mais a amônia, que se acumula no corpo e pode provocar morte cerebral. Para reverter uma intoxicação, é preciso receber tratamento com N-acetilcisteína nas primeiras 24 horas.
"Nos casos de intoxicação leve a moderada, após o primeiro dia da ingestão, os pacientes podem permanecer assintomáticos ou apenas desenvolver náusea, vômito e dor abdominal.
Nos casos graves de intoxicação, pode haver falência hepática, incluindo coagulopatia e encefalopatia hepática. Os pacientes devem procurar um serviço de saúde rapidamente para que possa ter os cuidados necessários", aponta Silvana Maria de Almeida, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Cuidados
Medicamentos como a domperidona ou a ametodopromida podem aumentar a absorção do paracetamol, intensificando seu efeito.
O risco de intoxicação com doses acima de 8.000 mg é de quase 100%. Já entre 3.000 mg e 8.000 mg, depende de outros aspectos, como o consumo de álcool ou de outros medicamentos, como anticoagulantes e alguns tipos de anticonvulsivantes.
Mas é a ingestão do medicamento com bebidas alcoólicas que merece atenção redobrada. "Nos casos em que pacientes utilizam mais de três doses de bebida alcoólica por dia, o medicamento pode apresentar interação com o uso concomitante da bebida alcoólica", diz a farmacêutica Silvana Maria de Almeida. O álcool interfere na disponibilidade de glutationa, causando lesão hepática.
(Com informações UOL)