Todos conhecem bem os sintomas da paixão. Muitas vezes é quase impossível esconder os sinais corporais. Basta mencionar o nome ou ver uma foto da pessoa amada que o coração bate mais rápido, a pele enrubesce, os olhos brilham e um sorriso se abre no rosto. No íntimo do apaixonado o mundo não interessa mais e tudo gira em torno da pessoa amada. Mas o que está por trás dessas sensações exclusivas daqueles que estão encantados com alguém?
Ao revelar o mapa que aponta as áreas cerebrais ativadas e desativadas pela paixão, a ciência pode entender melhor como o organismo reage ao sentimento. O neurocientista Roberto Lent, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica no livro que será lançado na próxima semana "Sobre Neurônios, Cérebros e Pessoas" (Ed. Atheneu) que as áreas ativadas pelo cérebro apaixonado contêm grandes quantidades do neurotransmissor dopamina, normalmente liberada em situações de prazer, e dos hormônios ocitocina e vasopressina, secretados em grande quantidade durante o orgasmo.
Mas o cérebro não apenas ativa as áreas do prazer e bem-estar durante a paixão. A área do lobo frontal do cortex cerebral, conhecida pelo seu envolvimento com o raciocínio lógico e matemático, ou seja, a "área da razão" é desativada. Emoções como o medo e a raiva são geralmente excluídas ou minimizadas. Os apaixonados ficam quase exclusivamente dedicados a esse sentimento. Evolucionistas explicam esse achado como um mecanismo para aproximar casais reprodutores e fortalecer seu vínculo recíproco. A perda da razão no cérebro apaixonado é justificada pela vantagem biológica de aproximar casais aparentemente improváveis. "Sabemos por experiência própria que tudo é possível em se tratando de paixão. Se estou apaixonado, não há quem me convença que ela não é a mais bela das mulheres", conclui o Dr. Lent (com PS Comunicação).