O inverno já começou. A estação mais fria do ano é também o período em que a umidade cai e os ventos ficam mais fortes em muitas regiões do país. Essas alterações ambientais são sentidas diretamente nos olhos por muitas pessoas. A sensação de secura nos olhos faz com que aumente o movimento nas clínicas oftalmológicas e juntamente os problemas que resultam da automedicação no uso de colírios.
Ocorre que a superfície ocular é uma região extremamente sensível à toxidade dos conservantes dos colírios e o uso indiscriminado do medicamento pode causar doenças nos olhos e até mesmo atrapalhar o resultado de tratamentos oftalmológicos. O especialista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), oftalmologista Victor Saques Neto (CRM 9831/DF) é quem alerta para esta prática comum e equivocada que se evidencia principalmente no período de seca do Distrito Federal.
Brasil
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o quinto maior consumidor de medicamentos do mundo. Grande parte da população toma remédios sem consultar médicos, arriscando-se às sérias consequências desta prática.
De acordo com o oftalmologista do HOB, alguns pacientes costumam usar colírios indicados por amigos ou reutilizar medicamentos prescritos anteriormente. "Mesmo que o produto instilado seja apenas um simples lubrificante ocular, seu uso excessivo pode acarretar problemas de visão decorrentes de uma intoxicação e desencadear ceratites ou úlceras corneanas", adverte.
Saques Neto lembra que se o paciente faz uso de um medicamento à base de corticoide, por exemplo, corre o risco de desenvolver catarata ou glaucoma precoces ao adotar a prática de uso contínuo de produtos que não têm avaliação médica. Ele observa que os medicamentos instilados nos olhos com fins estéticos como os vasoconstritores, os quais eliminam a vermelhidão ocular, quando usados por muito tempo sem acompanhamento médico, podem causar vermelhidão irreversível nos olhos.
Lubrificantes
Em cidades que têm clima seco, é comum o uso de colírios com a finalidade de lubrificar a superfície ocular. Para não correr o risco de intoxicação, o especialista do HOB sugere fazer uso de colírios lubrificantes, mas sem conservantes.
Enquanto as fórmulas com conservantes só podem ser aplicadas até seis vezes ao dia, as que não possuem este ingrediente não têm limite de aplicação."Mas este conselho só vale para os colírios lubrificantes ou lágrimas artificiais, os demais medicamentos, devem ser utilizados seguindo estritamente a prescrição médica", frisa.
Sintomas
Saques Neto lembra que os sintomas de toxicidade incluem sensação de areia nos olhos, vermelhidão, ardência, sensibilidade à luz e visão turva. "Se algum desses sintomas manifestar-se, o uso do colírio deve ser interrompido e o paciente precisa procurar imediatamente um oftalmologista para identificar o problema e iniciar o tratamento adequado",orienta.