Nesta sexta-feira (08), o Brasil e o mundo celebram o Dia Mundial do Câncer de ovário. A data foi criada com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o tumor e para alertar as esferas políticas e públicas sobre o crescimento dos índices da doença.
O câncer de ovário é considerado um "mal silencioso", pois os sintomas podem aparecer quando a doença já está em estágio avançado, tornando difícil seu tratamento. Esse é o segundo tipo de câncer ginecológico mais comum e é considerado a sétima causa de morte por câncer na população feminina.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que 250 mil novos casos surjam anualmente no mundo e a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) alerta para 5.680 novos casos no Brasil. Mais comum em mulheres acima de 40 anos, a neoplasia ginecológica é considerada a mais letal: 140 mil mulheres morrem a cada ano.
De acordo com oncologista, 75% dos cânceres no ovário já estão em estágio avançado quando é feito o diagnóstico, por isso a taxa de mortalidade é alta. "Isso acontece pelo fato de o ovário ter espaço para crescimento e esse aumento de volume se dá de forma indolor. Entre o início da doença e o aparecimento dos sintomas podem se passar meses", conta.
O câncer de ovário é o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e o de menor chance de cura. No entanto, se descoberto precocemente, o tumor pode ser retirado com cirurgia, sem que haja a necessidade de quimioterapia e radioterapia, apresentando expectativa de vida superior a 5 anos em 90% dos casos. "Para que isso aconteça a mulher deve estar ciente dos sintomas que são desde sangramento anormal, emagrecimento repentino, dor pélvica, perda de apetite, dores abdominais, complicações intestinais, entre outros", pontua o oncologista.
Nos últimos tempos o câncer de ovário ganhou destaque na mídia em razão da cirurgia preventiva realizada pela atriz Angelina Jolie, que retirou os ovários através de um procedimento denominado ooforectomia. A atriz descobriu por meio de um exame que era portadora da mutação genética BRCA1 e que tinha 50% de chances de desenvolver essa anomalia.
"Esta é uma atitude, sem dúvida nenhuma, que deve ser respeitada e considerada para quem recebe uma informação de possuir um gene BRCA1 ou BRCA2 com mutação, que indica probabilidade elevada do desenvolvimento da doença", explica Pádua. E acrescenta. "É importante ressaltar que mesmo com a retirada dos ovários, ainda existe um risco residual de ter câncer, por ser uma doença multifatorial".
Um dos principais problemas decorrentes da remoção dos ovários é a menopausa precoce, o que significa maior risco de osteoporose, redução da libido e da elasticidade da pele. Não existe uma causa específica para a doença, porém os fatores de risco como histórico familiar, a reposição hormonal pós-menopausa, o tabagismo e a obesidade devem ser observados.
O sintomas do câncer de ovário podem ser confundidos com simples dores abdominais, prisão de ventre, inchaço, náuseas, diarreia, aumento da urina, ganho ou perda de peso súbito e hemorragia vaginal anormal, o que faz com que a mulher procure o médico tardiamente. "Ainda não há um método de diagnóstico precoce muito efetivo para o câncer de ovário, fator que dificulta bastante a detecção da doença em fases iniciais", conta Pádua.
Para prevenir a doença ou mesmo detectá-la precocemente é necessário estar em dia com exames e idas ao ginecologista. A criação de campanhas de conscientização sobre os riscos e sintomas também é imprescindível.
"Fala-se muito sobre câncer de mama, mas pouco sobre câncer de ovário. O primeiro passo para diagnosticar a neoplasia é lembrar da doença. E isso vale tanto para o paciente quanto para nós médicos. Isto pode amplia as chances de cura e aumentar a taxa de sobrevida com a garantia da qualidade de vida da paciente", pontua.