As temperaturas elevadas não dificultaram apenas a vida de quem teve de caminhar sob o sol nos últimos dois dias. O calor excessivo também foi sentido durante as madrugadas e estragou a boa noite de sono do paulistano. Não foi por menos: o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou na segunda-feira, 8, a segunda noite mais quente do ano. A temperatura ficou em 23,2°C, mas chegou a 27°C por volta da meia-noite.
A comerciante Sandra Maria de Arruda, de 30 anos, passou a noite em claro. O sono chegou só de manhã, uma hora antes de se levantar para trabalhar, o que faz todos os dias das 8h às 23 horas. "Nem o ventilador refresca", lamenta. Ontem, Sandra sentia-se bem mais cansada e sonolenta.
Esse desconforto durante o sono, provocado por ondas de calor típicas do verão, não chega a configurar um distúrbio, segundo a pneumatologista do Instituto do Sono, Luciane de Mello Fujita. "Não há prejuízo à saúde porque isso não ocorre o tempo inteiro", explica a médica. "O que ocorre é o aumento da irritabilidade e da sonolência e a queda da produtividade no trabalho ou na escola."
Luciane recomenda que cada pessoa encontre uma forma agradável de reduzir a temperatura externa, como usar ventilador, ar-condicionado, tomar vários banhos ou até mesmo colocar uma vasilha com água no quarto.
Para Sandra, nem dois ventiladores ligados ao mesmo tempo aplacam o calor do quarto. "E se a gente abre a janela, os pernilongos invadem", reclama. Outra dificuldade é a de colocar os filhos para dormir. "Eles tomam banho gelado antes de deitar, mas continuam agitados e querem beber água a toda hora", conta a comerciante. O filho Lucas, de 9 anos, chegou a passar mal. "Ele não consegue respirar", diz.
A dona de casa Alexandra Medeiros, de 33 anos, passa pelo mesmo drama com as duas filhas Ardnáxela, de 11 anos, e Adriele, de 7. "Elas tomam banho antes de dormir. Mesmo assim é muito difícil pegar no sono", afirma Alexandra, que conseguiu adormecer após as 2 horas da madrugada de ontem. Para se refrescar, a dona de casa recorre ao ventilador. "Fica ligado a noite toda. Mas a conta de luz vai lá em cima."
O gerente comercial Nilton Ferreira, de 38 anos, abre portas e janelas para deixar o ar circular quando chega do trabalho, assim torna o ambiente mais agradável na hora de dormir. No entanto, a estratégia provoca o ataque noturno dos pernilongos. "Durmo com um spray ao lado da cama. É só ouvir aquele zunido que já disparo o veneno", diz. Para Ferreira, uma noite mal dormida significa indisposição. O jeito que ele escolheu para vencer o cansaço provocado pela insônia é tomar um longo banho pela manhã e "muito café para despertar".