Pesquisa realizada pelo Ibope com 1026 pessoas em todo o país comprovou o que os neurologistas já verificam nos consultórios ao diagnosticar a esclerose múltipla. Para 70% dos brasileiros, a doença neurológica que atinge duas mulheres para cada homem na fase mais produtiva da vida (entre 20 e 40 anos), ainda é confundida com a demência, (problema típico da terceira idade, caracterizado principalmente pela perda gradual de memória).
A pesquisa, realizada com apoio da Biogen Idec, companhia de biotecnologia líder em pesquisa e desenvolvimento de novas terapias para o tratamento da esclerose múltipla, revela também uma triste realidade: o desconhecimento e a falta de informação levando, muitas vezes, ao diagnóstico tardio de uma doença para qual o tempo é sempre um grande vilão no resultado do tratamento.
"Sabemos que o paciente tenta vários médicos antes de ser encaminhado ao neurologista", explica Rodrigo Barbosa Thomaz, médico neurologista do CATEM (Centro de Atendimento e Tratamento da Esclerose Múltipla) da Santa Casa de São Paulo. "As dúvidas são muitas, principalmente em relação a como será a vida depois do diagnóstico", completa.
A esclerose múltipla é uma doença crônica do sistema nervoso central, que provoca inflamação e destruição da bainha de mielina (estrutura que envolve o neurônio, facilitando a transmissão dos impulsos nervosos). O problema pode resultar em incapacidade física, fadiga e déficit cognitivo. No Brasil, estima-se que 30 mil pessoas convivam com a EM.
Os principais sintomas da esclerose múltipla incluem: formigamento e/ou dormências nos braços ou pernas, alterações visuais, desequilíbrio, diminuição da força, urgência urinária e comprometimento cognitivo.
"O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento. A doença, em muitos casos, é progressiva, mas pode ser controlada. A maioria dos pacientes poderá viver por mais de 15 anos sem sintomas importantes, trabalhando ou estudando normalmente", explica Marcos Alvarenga, neurologista do Centro de Referência para o Tratamento da Esclerose Múltipla do Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. "O diagnóstico de EM não é uma sentença de morte, pois a doença tem controle e tratamento com muitas das medicações já disponíveis pelo SUS", completa.
Tratamento inclui novas tecnologias
Atualmente, os tratamentos disponíveis para esclerose múltipla são realizados principalmente com medicamentos que buscam controlar os sintomas da doença, evitando os surtos (quando o paciente tem, por exemplo, uma dormência nas mãos, pés ou dificuldade acentuada de mobilidade, com duração de mais que 24 horas). É o caso dos imunomoduladores, substâncias que atuam no sistema imunológico, regulando sua atividade inflamatória, inflamatório, caso do Avonex (betainterferona) e dos corticóides (estes últimos usados apenas nos momentos de surto da doença).
Mais recentemente, foi aprovado o Tysabri (Natalizumabe), primeiro anticorpo monoclonal (proteína produzida para reduzir a atividade inflamatória, bloqueando a entrada dos leucócitos no sistema nervoso central) para o tratamento da esclerose múltipla. O novo medicamento apresenta redução de 80% nos surtos e de novas lesões no cérebro provocadas pela evolução da doença. O Natalizumabe é aplicado uma vez a cada quatro semanas por via endovenosa contra os esquemas diários ou semanais dos imunomoduladores, outra facilidade importante para o tratamento (com Tino Projetos em Comunicação).