Milhões de pessoas, em todo o mundo, se identificaram com Barack Obama, que revelou ter sofrido bullying quando criança, por conta de suas orelhas proeminentes. O artista Will Smith afirmou que seria a pessoa certa para representar o presidente americano no cinema: "As pessoas olham para mim e para ele e vêm apenas as orelhas", disse o ator e rapper americano. Brincadeiras à parte, principalmente na idade escolar, as popularmente conhecidas como "orelhas de abano" muitas vezes despertam a ironia e o deboche e podem causar graves problemas sociais. Por isso, é importante que os pais fiquem de olho nas relações sociais de seus filhos, para que identifiquem casos de bullying logo no início. "Os pais devem estar atentos também ao autoconceito da criança, auxiliando a reconhecer suas características. Assim, fortalecerá sua estrutura emocional e autoestima, amenizando os efeitos danosos que o bullying pode trazer até mesmo para a vida adulta", afirma a psicóloga do Hospital VITA Curitiba, Lilian Sacagami.
O problema estético que afeta 5% da população brasileira, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), pode ser corrigido a partir dos sete anos de idade, quando a formação da orelha já está bem próxima a da fase adulta. Membro da SBPC, o cirurgião plástico paranaense Ralf Berger afirma que é comum que a cirurgia seja realizada ainda na infância, para minimizar os problemas na escola. Porém, nada impede que o procedimento seja feito posteriormente. "O ideal é que os pais esperem que a criança busque ajuda, pois assim estará mais motivada para a cirurgia e será mais cooperativa no pré e pós-operatório", explica.
A cirurgia de correção das "orelhas de abano" chama-se otoplastia e é um procedimento bastante comum nos consultórios de cirurgias plásticas. Em 2011, foram realizadas mais de 28 mil correções no Brasil, ficando entre os dez procedimentos mais procurados, segundo dados da SBCP. As orelhas proeminentes geralmente apresentam tamanho normal, mas são projetadas para frente - o que chama a atenção. "A cirurgia corrige o formato incomum, deixando as orelhas mais próximas da cabeça, trazendo uma boa melhora na harmonia da face, na autoestima e interferindo positivamente no convívio social", afirma Berger.
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O procedimento é simples e a recuperação inicial dura, em média, duas semanas. A cirurgia atua sobre dois pontos principais: a concha (parte côncava da orelha que cresce e a projeta para fora) e a anti-hélix (uma das dobras da orelha que não se desenvolve). Segundo Berger, "o procedimento é realizado em apenas uma hora, não necessita internação e deixa uma cicatriz imperceptível, na dobra atrás da orelha". No pós-operatório, as orelhas ficam doloridas por poucos dias, mas o problema é facilmente controlado com analgésicos. "Os pontos são retirados em duas semanas, de modo totalmente indolor e rápido", garante o cirurgião.