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Sequenciamento do genoma

Análise individualizada permite tratamento mais eficaz contra o câncer

Paulo Ricardo Martins - Folhapress
23 set 2021 às 10:06

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- Pixabay
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 O tratamento contra o câncer tem ganhado uma nova abordagem: a partir da análise do caso de cada paciente, é possível identificar diferentes tipos de mutações em células e tratar os tumores com remédios mais eficazes. É o que afirma o médico Fernando Moura, oncologista no Hospital Israelita Albert Einstein.

Ele foi um dos participantes do painel Genética em Câncer, que fez parte do 8º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer. O evento, realizado de forma remota, teve início na última segunda (20) e vai até a próxima sexta (24).


A medicina de precisão leva em conta a genética, o ambiente em que o paciente está inserido e o estilo de vida dele. Depois de fazer o sequenciamento do DNA das células, os médicos conseguem analisar o caso e gerar um tratamento que seja mais eficaz para aquele tipo de tumor.

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O oncologista explica que o programa do Albert Einstein tem como tripé a medicina de precisão, o big data (análise de dados) e a medicina diagnóstica. O hospital tem um banco de dados que armazena todas as informações relacionadas aos casos dos seuspacientes, que servem de base caso haja a necessidade de um tratamento posterior.

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"Essas iniciativas acabam gerando dados e conhecimentos que são compilados ao longo do tempo, gerando informações que podemos explorar na análise", diz.

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O paciente com câncer é submetido a um procedimento para a retirada de um fragmento do tecido a ser analisado pelo especialista. Depois, ele consegue não só definir um melhor tratamento, mas entender o que pode ter levado ao surgimento da doença.


Os remédios que a nova abordagem permite usar podem oferecer um tempo de sobrevivência maior a muitas pessoas. "Temos um tratamento mais eficaz e muito menos tóxico, que não tem efeitos colaterais."

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Moura dá o exemplo de uma paciente de 69 anos que teria um tempo de vida estimado em 8 a 12 meses se tivesse feito a quimioterapia como tratamento. Usando os remédios sugeridos pela análise personalizada, ela conseguiu sobreviver por mais de três anos, segundo o médico. Cada mutação determina uma ação específica, que não necessariamente é quimioterapia.


Diogo Bugano, oncologista do mesmo hospital, apresenta a abordagem agnóstica, que serve como um complemento à medicina personalizada. Na técnica, a ação médica para tratar a doença é feita com base nos testes de biópsia, e não mais na origem do câncer.

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Ele explica que, embora o tumor seja muito parecido com o tecido de onde se localiza quando surge, a tendência é que ele adquira características diferentes. Um câncer de mama, por exemplo, consegue evoluir e entrar na corrente sanguínea ou viver dentro de um osso.


"Tumores, por mais que tenham origens diferentes, convergem para pontos biológicos em comum", diz.

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Bugano afirma que, embora possa parecer bem moderno, esse tipo de tratamento já é utilizado no dia a dia do hospital. "Não é para o futuro, já acontece."


Gerente médico do Laboratório de Genética Molecular do Hospital Israelita Albert Einstein, João Bosco Oliveira Filho afirma que a ciência já avançou bastante no modo como sequencia o DNA das moléculas.

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Se antes esse era um procedimento de alto custo, que demandava US$ 100 milhões, atualmente um cientista pode fazê-lo por um valor que gira em torno de US$ 1 mil (aproximadamente R$ 5.257) e num tempo mais rápido, segundo dados do National Human Genome Institute.


"Hoje não tratamos o tumor só pelo tipo. Procuramos sequenciar o genoma tumoral e entender as alterações que estão levando ao desenvolvimento dele", diz Oliveira.

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Para a análise do DNA, ele explica o processo: primeiro, um pedaço do tumor é coletado como amostra. O fragmento segue para a checagem e, posteriormente, para extração do material genético.


Depois é feito o sequenciamento, método que determina como é formado o DNA da molécula. Passado esse procedimento, o médico analisa qual é o tratamento mais adequado, de acordo com os dados obtidos.


O especialista destaca a importância que o sequenciamento do genoma pode ter para a prevenção de tumores. Um exemplo muito emblemático é o da atriz americana Angelina Jolie, que decidiu retirar as mamas e os ovários depois de descobrir que tinha predisposição hereditária ao câncer nessas regiões.


A tentativa de saber se há algum risco de desenvolver tumor por fatores hereditários tem levado, segundo Oliveira, a aumentar o número de clínicas de prevenção, onde o paciente pode fazer um mapa de risco.


"Não é um mapa que vai dizer se você vai ter ou não, mas se o seu risco é muito acima da população geral para determinado tipo tumoral ou se está em um risco igual", explica.


A médica Fernanda Lima, do Centro de Aconselhamento Genético do Hospital Israelita Albert Einstein, diz que, para saber se há predisposição hereditária, é preciso seguir alguns critérios.


O primeiro deles é conhecer o histórico familiar. Além disso, variantes genéticas podem estar ligadas a fatores como idade e gênero. É importante entender, entretanto, que esses genes estão associados a riscos diferentes.


Lima indica que o profissional faça um aconselhamento pré-teste, explicando ao paciente o diagnóstico, possíveis resultados, implicações e estratégias.


8º Congresso TJCC (Todos Juntos Contra o Câncer)


Quando de 20 e 24 de setembro


Onde assistir no site congresso.tjcc.com.br

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