Ele foi um dos participantes do painel Genética em Câncer, que fez parte do 8º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer. O evento, realizado de forma remota, teve início na última segunda (20) e vai até a próxima sexta (24).
A medicina de precisão leva em conta a genética, o ambiente em que o paciente está inserido e o estilo de vida dele. Depois de fazer o sequenciamento do DNA das células, os médicos conseguem analisar o caso e gerar um tratamento que seja mais eficaz para aquele tipo de tumor.
O oncologista explica que o programa do Albert Einstein tem como tripé a medicina de precisão, o big data (análise de dados) e a medicina diagnóstica. O hospital tem um banco de dados que armazena todas as informações relacionadas aos casos dos seuspacientes, que servem de base caso haja a necessidade de um tratamento posterior.
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"Essas iniciativas acabam gerando dados e conhecimentos que são compilados ao longo do tempo, gerando informações que podemos explorar na análise", diz.
O paciente com câncer é submetido a um procedimento para a retirada de um fragmento do tecido a ser analisado pelo especialista. Depois, ele consegue não só definir um melhor tratamento, mas entender o que pode ter levado ao surgimento da doença.
Os remédios que a nova abordagem permite usar podem oferecer um tempo de sobrevivência maior a muitas pessoas. "Temos um tratamento mais eficaz e muito menos tóxico, que não tem efeitos colaterais."
Moura dá o exemplo de uma paciente de 69 anos que teria um tempo de vida estimado em 8 a 12 meses se tivesse feito a quimioterapia como tratamento. Usando os remédios sugeridos pela análise personalizada, ela conseguiu sobreviver por mais de três anos, segundo o médico. Cada mutação determina uma ação específica, que não necessariamente é quimioterapia.
Diogo Bugano, oncologista do mesmo hospital, apresenta a abordagem agnóstica, que serve como um complemento à medicina personalizada. Na técnica, a ação médica para tratar a doença é feita com base nos testes de biópsia, e não mais na origem do câncer.
Ele explica que, embora o tumor seja muito parecido com o tecido de onde se localiza quando surge, a tendência é que ele adquira características diferentes. Um câncer de mama, por exemplo, consegue evoluir e entrar na corrente sanguínea ou viver dentro de um osso.
"Tumores, por mais que tenham origens diferentes, convergem para pontos biológicos em comum", diz.
Bugano afirma que, embora possa parecer bem moderno, esse tipo de tratamento já é utilizado no dia a dia do hospital. "Não é para o futuro, já acontece."
Gerente médico do Laboratório de Genética Molecular do Hospital Israelita Albert Einstein, João Bosco Oliveira Filho afirma que a ciência já avançou bastante no modo como sequencia o DNA das moléculas.
Se antes esse era um procedimento de alto custo, que demandava US$ 100 milhões, atualmente um cientista pode fazê-lo por um valor que gira em torno de US$ 1 mil (aproximadamente R$ 5.257) e num tempo mais rápido, segundo dados do National Human Genome Institute.
"Hoje não tratamos o tumor só pelo tipo. Procuramos sequenciar o genoma tumoral e entender as alterações que estão levando ao desenvolvimento dele", diz Oliveira.
Para a análise do DNA, ele explica o processo: primeiro, um pedaço do tumor é coletado como amostra. O fragmento segue para a checagem e, posteriormente, para extração do material genético.
Depois é feito o sequenciamento, método que determina como é formado o DNA da molécula. Passado esse procedimento, o médico analisa qual é o tratamento mais adequado, de acordo com os dados obtidos.
O especialista destaca a importância que o sequenciamento do genoma pode ter para a prevenção de tumores. Um exemplo muito emblemático é o da atriz americana Angelina Jolie, que decidiu retirar as mamas e os ovários depois de descobrir que tinha predisposição hereditária ao câncer nessas regiões.
A tentativa de saber se há algum risco de desenvolver tumor por fatores hereditários tem levado, segundo Oliveira, a aumentar o número de clínicas de prevenção, onde o paciente pode fazer um mapa de risco.
"Não é um mapa que vai dizer se você vai ter ou não, mas se o seu risco é muito acima da população geral para determinado tipo tumoral ou se está em um risco igual", explica.
A médica Fernanda Lima, do Centro de Aconselhamento Genético do Hospital Israelita Albert Einstein, diz que, para saber se há predisposição hereditária, é preciso seguir alguns critérios.
O primeiro deles é conhecer o histórico familiar. Além disso, variantes genéticas podem estar ligadas a fatores como idade e gênero. É importante entender, entretanto, que esses genes estão associados a riscos diferentes.
Lima indica que o profissional faça um aconselhamento pré-teste, explicando ao paciente o diagnóstico, possíveis resultados, implicações e estratégias.
8º Congresso TJCC (Todos Juntos Contra o Câncer)
Quando de 20 e 24 de setembro
Onde assistir no site congresso.tjcc.com.br