Em agosto de 2017, o Portal Bonde lançou uma campanha de adoção responsável, após um vira-lata, que recebeu o nome de Otto, ter sido abandonado na UEL (Universidade Estadual de Londrina). A campanha teve duração de 30 dias. Em 4 de setembro de 2017, o Bonde publicou uma reportagem sobre o final feliz de Otto, que foi para um novo lar em 2 de setembro do mesmo ano. Agora, dois anos depois, o Bonde procurou a família do Otto para saber como está o animado vira-lata.
A história
Otto foi abandonado em julho de 2017 no HV (Hospital Veterinário) da UEL. Seu tutor na época o levou até a triagem do hospital devido a um ferimento na orelha. Alegando que iria buscar a coleira no carro, o homem foi flagrado pelas câmeras entrando no veículo e deixando o animal para trás.
A filmagem mostra Otto seguindo o carro e retornando de forma confusa. Na época, funcionários contaram que ele uivava completamente desesperado após o ocorrido. Veja o vídeo:
Sensibilizada pela história, a jornalista Gabriela Campos relatou o fato no Bonde e lançou a campanha #adoteoOtto. Gabriela explica que o caso chamou sua atenção "pela extrema crueldade e falta de amor" que ficavam explícitos na filmagem. A partir deste momento, os telefones da redação estavam disponíveis para quem estivesse interessado em adotar o Otto.
Contrariando as expectativas, não surgiram tantos candidatos. Embora a matéria tenha conseguido mobilizar os internautas, poucas pessoas se interessaram em adotar. E assim, um mês se passou.
Certo dia, a campanha chegou até a engenheira civil Franciela Silva. Em 2017, ela estava concluindo sua faculdade e resistiu à ideia da adoção por estar passando por problemas financeiros. A decisão de conhecê-lo foi tomada ao entrar no Facebook e descobrir que Otto ainda não havia encontrado um lar.
Ela, então, foi até o HV. Sua primeira impressão a deixou confusa. Franciela não entendia como um cachorro tão dócil teria sido abandonado daquela forma. "Ele parecia tranquilo, um cachorro manso. Me apaixonei por ele, achei ele uma figurinha. Falei para o meu marido: 'eu quero!'".
Depois disso, Otto ganhou sobrenome, um lar, irmãos e muito amor. O vira-lata passou a se chamar Otto Batista.
Franciela conta que ele passou por processos de adaptação comuns, como marcar território por toda parte. Entretanto, ela "não tem do que reclamar". Otto recebe com carinho os visitantes e mostra ser tão amável quanto estava para adoção (tirando a parte que ele toma banho e sai correndo para se sujar na lama).
Seu tratamento para o machucado na orelha foi concluído pelos funcionários do HV, e desde então ele não apresentou nenhum problema de saúde.
Embora tenha medo da chuva, Otto guarda muita coragem. E assim como a equipe que se envolveu com seu caso, não deixou de acreditar que encontraria uma família.
"Existem preconceitos na questão da adoção, ainda pelo caso de ele não ser filhote e não ter raça", ressalta Franciela. "Ele é um vira-lata maravilhoso. Todo animal tem que ter respeito", aponta.
A prática do abandono é mais comum do que parece e é configurado como crime no Art. 164 do Código Penal. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem mais de 30 milhões de animais sem lar. Em Londrina, levantamento da SEMA (Secretaria Municipal do Ambiente) calculou 60 mil animais nas ruas.
É importante lembrar que animais são seres com sentimentos e vontades. Feiras de adoção em Londrina acontecem mensalmente por meio de grupos e Ongs que acolhem bichos em situação de abandono.
(*Sob supervisão de Fernanda Circhia)