O MZUEL (Museu de Zoologia da UEL), ligado ao Departamento de Biologia Animal e Vegetal, do CCB (Centro de Ciências Biológicas), traz contribuições relevantes para a identificação de novas espécies de peixes no Brasil e na América do Sul. Só nos últimos 18 anos, foram identificadas e catalogadas 90 novas espécies de peixes por pesquisadores da UEL (Universidade Estadual de Londrina), em estudos conduzidos pelos professores do CCB, Oscar Akio Shibatta, José Luís Birindelli e Fernando Jerep.
Birindelli conta que nos últimos 20 anos o número de pesquisas tem aumentado e, consequentemente, cresceu também a descrição de novas espécies de peixes no mundo, principalmente no Brasil. A média é de 100 novas espécies catalogadas por ano nas Américas do Sul e Central. Atualmente, 6.255 espécies são conhecidas para a região como um todo. A expectativa é que existam cerca de três mil espécies não identificadas, e o número deve chegar ao total de 9.100 nos próximos anos.
O professor lembra que as primeiras espécies identificadas na região foram descritas por pesquisadores europeus. Porém, depois da década de 1970, devido ao incentivo em pesquisas locais, mais pesquisadores nativos se interessaram pelo estudo da diversidade de espécies nos locais. "Na América do Sul temos a maior diversidade de peixes do mundo, sendo as espécies principalmente de água doce. É uma diversidade maior do que a encontrada na barreira de corais na Austrália, onde há diversidade de peixes marinhos", relata Birindelli.
Não é preciso ir muito longe para descobrir uma nova espécie. O professor conta que no Rio Tibagi e rios afluentes, e também no Parque Daisaku Ikeda, em Londrina, novas espécies foram descobertas. É o caso de um lambari, que ainda não tem nome científico, e é diferente de todas as outras espécies de lambari do continente. "Se aqui perto é assim, imaginem na gigantesca Amazônia! Lá, temos muito mais espécies para descobrir", afirma.
Pesquisas - Os estudos com peixes são realizados no LIC (Laboratório de Ictiologia) do Museu de Zoologia. Os professores orientam atualmente sete estudantes de pós-graduação e oito de graduação. São pesquisas conduzidas nas áreas de Diversidade, Evolução e Biogeografia de Peixes, sob responsabilidade dos três professores citados.
Os professores fazem expedições em diferentes regiões do país. Munidos de redes, os pesquisadores entram em rios e fazem a captura, visando "amostrar" um representante de cada espécie que ocorre no local. A partir disso, levam os peixes coletados para o Laboratório e iniciam o estudo. Birindelli conta que sempre que uma espécie nova é descoberta, é necessário revisar e estudar todas as espécies descritas de grupo ou família que a ela pertence.
Para o pesquisador, descobrir espécies, dar nomes e identificar os locais em que elas estão é de extrema importância para a sociedade, porque é assim que se conhece a biodiversidade do planeta. "O mundo todo tem interesse na nossa fauna. E a gente trabalha descobrindo essa fauna. Este é o primeiro passo para qualquer outro estudo sobre aquele animal, seja conservação, genética ou bioquímica", defende José Luís Birindelli.
Coleção - O Museu de Zoologia abriga a sexta maior coleção de peixes do Brasil, com cerca de 20.000 lotes catalogados de espécies de várias partes do país, como a região norte e, principalmente, o estado do Paraná. O acervo também tem lotes emprestados de instituições e museus nacionais e internacionais.
Birindelli afirma que a espécie mais antiga depositada no Museu foi capturada em 1903 nos arredores de Belém, no Pará. O peixe foi doado para a UEL pelo Museu paraense Emílio Goeldi. Toda a coleção fica disponível para consulta e estudos de pesquisadores do mundo todo. Portanto, o Museu recebe frequentemente pesquisadores de outras instituições, com o objetivo de estudar o material depositado aqui, e também envia amostras para que outros pesquisadores possam estudar o material.
Além dos peixeis, o MZUEL engloba uma coleção de répteis, com cerca de dois mil exemplares catalogados. Há, ainda, coleções de insetos, esponjas e pássaros.