Uma anta, espécie da Mata Atlântica ameaçada de extinção, morreu atropelada após agonizar, sem resgate, na PR-538, que corta o Parque Estadual Mata dos Godoy, zona rural de Londrina.
Segundo a ocorrência registrada pelo Siate (Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência), um motociclista de 30 anos trafegava pela PR-538, às 6h da manhã da última quarta-feira (9), quando o acidente ocorreu. O motociclista teve ferimentos leves.
A anta era um macho, forte, aparentemente saudável e pesava mais de 200 kg. O animal morreu dentro do seu habitat natural.
Com o uso de câmeras camufladas nas florestas locais, e ainda por meio da coleta de fezes, de pegadas e outros vestígios de antas, a estimativa é de que no município de Londrina existam menos de 150 indivíduos. Em uma década, a tendência é que o animal desapareça por completo do território de Londrina. A hipótese foi levantada pelos pesquisadores da ONG (Organização Não Governamental) MAE.
Na manhã da quarta-feira, equipes da Ong MAE, do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e da UEL (Universidade Estadual de Londrina) foram ao local e recolheram o animal morto para análises de laboratório.
A anta foi levada para o Hospital Veterinário da UniFil, onde os técnicos fizeram a necropsia, descobrindo uma grande hemorragia interna na parte traseira do animal.
O grupo de pesquisa analisou o conteúdo do estômago, fez a coleta de amostras de pelo, de carrapatos, de tecidos da orelha e da pata. O fígado da espécie também foi retirado e preservado por congelamento, para testes posteriores.
"É lastimável a perda de um individuo importante para a Mata Atlântica como esse. O atropelamento é a prova da gigantesca importância das passagens de fauna debaixo das rodovias de Londrina”, lamenta Gustavo Góes, pesquisador da Ong MAE.
A anta é o maior mamífero da América do Sul, conhecida como a "jardineira da floresta".
Em 10 meses de monitoramento de três rodovias em Londrina, a Ong MAE denunciou a morte de 337 animais por atropelamento. Na PR-538, que corta a Mata dos Godoy, foram 166 mortes. Na PR-445, 119 mortes e, na PR-218, 52 mortes.