Um engenheiro pós-graduado recentemente numa das melhores instituições da Alemanha foi contratado, por prazo certo, para drenar as terras que um empresário comprara no Pantanal. Depois de uma viagem cansativa, mas entusiasmadíssimo com o primeiro trabalho em seu retorno ao país, entrou na beirada do pântano para instalar o clássico teodolito.
Neste momento quase foi comido por um jacaré e não pensou em outra coisa senão ir até a cidade e comprar uma arma. Infelizmente, nos dias a seguir, quanto mais matava jacarés, mais eles apareciam. No entanto, ele não se deixou abater por estes insucessos momentâneos e continuou a instalar armadilhas de todos os tipos a fim de resolver este obstáculo à concretização de sua tarefa principal.
Depois de um tempo e animado com os desafios enfrentados no pântano, o profissional resolveu montar uma empresa especializada exatamente nisto: acabar com os jacarés que impediam o trabalho de escoamento das águas.
No prazo determinado o dono do terreno apareceu e perguntou: - "Como é que é? Já drenou o pântano?" Com um sorriso no rosto, o engenheiro respondeu: - "A drenagem ainda não começou, mas venha ver a geringonça que inventei para matar jacarés".
Tenho que concordar que esta historinha não é politicamente correta já que precisamos proteger os animais, mas ajuda a explicar como é fácil deixar com que "jacarés" absorvam a nossa atenção no dia a dia. E a consequência disto todos sabemos: a perda do foco em relação àquilo que precisa ser feito.
Pelo menos na seara profissional, pode-se afirmar que há direcionamento quando alguém possui metas claras e uma carreira que se revela sólida e ascendente com o passar dos anos. Todavia, esta não é a realidade para a maior parte das pessoas. Muitos ficam perdidos diante das inúmeras tarefas a serem feitas e esquecem o que significa para si o "drenar as terras". Por vezes é necessário "tratar os jacarés" antes de realizar o trabalho principal, mas isto não pode ser justificativa para se esquecer o motivo real de estar no pântano.
Alguém até poderia dizer: "Ele construiu uma empresa e agora tem novas possibilidades". O raciocínio é lógico, mas vá dizer isto para o cliente que contratou uma tarefa não-concluída. Nele reside a completa insatisfação.
A boa notícia é que as companhias também compreenderam que precisam encontrar formas de ajudar seus colaboradores a se manterem no caminho certo, especialmente depois de estudos que reforçam que profissionais focados são mais satisfeitos, produtivos e comprometidos com aqueles que os empregam.
Para manter-se focalizado você deve se atentar a quatro coisas. Primeiramente, delegue as tarefas de estimação. Aquelas atividades que sempre fez e adora fazer, mas que qualquer pessoa do time conseguiria cumprir em seu lugar com a mesma competência – ou até superá-la – e ainda conservam pouca relevância no contexto geral.
Dirija seu olhar para o processo e o resultado. Se você só prestar atenção ao processo sem preocupar-se se está obtendo bons resultados, poderá falir sua carreira. Por outro lado, se dirigir seu olhar apenas aos resultados sem analisar o processo poderá entregar algo ao mercado sem a qualidade esperada, o que, no final das contas, é outro bom modo de fechar portas.
Também assuma como princípio que a conjuntura atual é mutante por natureza e, às vezes, será imprescindível esquecer o foco que o alimentou até então para redefinir prioridades. Quando se quer algo a perseverança é desejável e necessária, mas a obstinação pode levá-lo a ficar míope. Ou ainda, ao chegar ao lugar pretendido, descobrir que o esforço foi em vão.
Por fim, vale a pena aprender a arte de dizer não. Quem toma para si a incumbência de agradar a tudo e a todos fica a vida inteira matando jacarés.
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