Wellington Moreira

Empregados ou Fornecedores de Serviços?

25 set 2009 às 11:20

Dias atrás, durante reunião com o gestor de Recursos Humanos de uma empresa, este destacava a dificuldade das pessoas em compreenderem seu papel como prestadoras de serviços nas organizações onde trabalham e, por conseguinte, a adoção da velha e ultrapassada premissa de que as empresas contratantes são provedoras de segurança e não clientes a serem bem atendidas.

Isto explica porque muitas pessoas, mesmo desmotivadas, pouco fazem de concreto para mudar, afinal de contas é mais fácil e cômodo culparem o lugar onde atuam do que analisarem friamente qual a sua parcela de reforço para a situação presente.


Todo fornecedor de serviços sabe que a insatisfação do cliente levará à sua dispensa para a contratação de um novo. No mercado de trabalho o raciocínio também é o mesmo: se os colaboradores internos não agradarem certamente serão substituídos por outros. É claro que ainda há empresas que tutoram as carreiras de seus funcionários, mas geralmente estas não são reconhecidas entre as melhores para se trabalhar.


Um quadro preocupante para aqueles que buscam estabilidade a todo custo e só têm encontrado garantias permanentes nos concursos públicos que pipocam pelo país. Afinal de contas, vivenciamos um período de silenciosa revolução na qual há inúmeros novos trabalhos a serem feitos, mas incertezas futuras para quem decide realizá-los.


O curioso é que os bons profissionais prestadores de serviços estão conquistando estabilidade mesmo sem carteira assinada. É o caso de um consultor empresarial autônomo que certa vez afirmou: "Eu possuo mais segurança do que alguém que está empregado de maneira formal, pois dificilmente os 25 clientes me dispensarão ao mesmo tempo". E concluiu: "Quadro distinto de quem atualmente está empregado e se for demitido de uma hora para outra, não terá onde trabalhar."



É claro que tal estabilidade leva mais tempo para ser construída e baseia-se na capacidade da pessoa em fornecer periodicamente bons resultados em seu trabalho. No entanto, não se pode esquecer que outros trabalhadores com grande potencial não deslancham exatamente porque lhes falta a percepção de que algumas atitudes são imprescindíveis.


Manter o currículo sempre atualizado, por exemplo, revela que novas oportunidades são bem-vindas para o profissional. Postura bem diferente daqueles que garimpam o mercado apenas quando decidem sair da empresa atual ou são demitidos.


Ao mesmo tempo, participar de entrevistas de emprego oferece a possibilidade única de saber se você continua a ser atraente para as organizações. Como alguém que não vivencia processos seletivos há dez anos pode ter a certeza de que se mantém empregável? Por isto, candidate-se a vagas que lhe interessam a fim de saber até que ponto alguém mais está disposto a contratar seus serviços profissionais, pois até poderá não mudar de empresa em seguida, mas saberá concretamente qual a valorização que o mercado lhe dá.


Contudo, além dos processos seletivos formais, há situações em que as pessoas não conseguem ponderar o quanto sua competência está sendo avaliada pelos outros. Aliás, se soubessem agiriam mais cuidadosamente em happy-hours, durante cursos abertos nos quais estão inscritos com pessoas de empresas diferentes ou nas atividades que desenvolvem na igreja da qual são membros efetivos. É que nestes lugares você também está prestando serviços e, invariavelmente, recebendo conceituação dos demais.


Perceba-se não apenas como um empregado de determinada organização, mas sim como alguém que disponibiliza competências à rede de contatos. Logo, se você não está satisfeito com a companhia onde trabalha, analise o que pode fazer para que o quadro seja revertido e caso sua capacidade de influência seja pequena, reflita seriamente sobre a possibilidade de mudar de empresa antes que ela mesma tome esta decisão a respeito dos serviços que oferece.



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