Os bichos da floresta estavam em polvorosa, pois ultimamente vinham aparecendo, por aquelas bandas, terríveis caçadores, que matavam quem encontrassem pelo caminho. Certo dia, reuniram-se à margem do lago um pássaro, um peixe, um coelho e um pato, que conversavam sobre o que cada um poderia fazer, caso aparecesse algum caçador.
Dizia o pássaro: "Ah, se aparecer algum caçador, eu saio voando como um foguete. Com toda a minha força e habilidade, não tem como ele me acertar, pois ninguém consegue voar mais rápido do que eu."
O peixe olhou para o pássaro e comentou: "Quanto a mim, se esse tal caçador aparecer, eu mergulho no lago e nado como nunca. Com a minha destreza e velocidade, ninguém nada melhor do que eu."
O coelho, por sua vez, ponderou: "No meu caso, não tenho nem o que pensar. Corro o mais veloz que puder. Com toda a minha elasticidade e leveza, vocês acham que alguém me alcançaria?"
O pato, demonstrando um certo ar de superioridade, deu um passo à frente e declarou: "Coitados de vocês, companheiros! Tão limitados! Se aparecer algum caçador, eu não terei problema algum, pois eu sei fazer tudo isso que vocês dizem que fazem: eu nado, corro e vôo. No momento certo, utilizo qualquer uma dessas habilidades."
De repente, surge um caçador e, mais que depressa, o pássaro voou, o coelho saiu em disparada e o peixe entrou no lado e nadou bem fundo. O pato, porém, foi apanhado. Literalmente, "pagou o pato". Mesmo tendo todas as habilidades dos demais, não tinha desenvolvido nenhuma com excelência.
É alarmante ter que ressaltar isto, mas diariamente convivemos ao lado de profissionais que fazem tudo pela metade, pois desenvolveram suas habilidades também pela metade – estamos falando daquilo que intitulo "SÍNDROME DO PATO". Pessoas que aceitaram o comodismo de fazer as coisas de qualquer jeito e acreditar que podem colher resultados melhores sem uma boa dose de esforço.
O que mais me surpreende é que estes mesmos profissionais reclamam que "não ganham o que merecem", "não são reconhecidos pelo que fazem", "são perseguidos pelos seus chefes", mas daí vem a pergunta: Quais competências desenvolveram nos últimos doze meses? Normalmente nenhuma. Ou então inúmeras, mas tudo pela metade...
Experimente fazer esta mesma pergunta para você: O que o diferencia dos demais profissionais de sua área? Todos sabemos da importância de sermos multifuncionais, polivalentes, verdadeiros "coringas", que jogam em todas as posições; entretanto, você só será lembrado se fizer algo tão bem que possa transformá-lo em referência naquilo que faz.
A SÍNDROME DO PATO faz com que este animal seja um medíocre nadador, voe com dificuldade e corra pior ainda. Esta combinação o transforma em uma presa fácil aos caçadores; e para nós, é um suicídio profissional.