Wellington Moreira

A Mulher no Mercado de Trabalho

18 mai 2012 às 11:05

Algumas pessoas defendem que não, mas as mulheres ainda sofrem um velado e consistente preconceito quando o assunto é mercado de trabalho. Uma prova disto é o estudo divulgado recentemente pela publicação americana "Latin Business Chronicle" que revelou: dentre as 500 maiores empresas latino-americanas, apenas nove são chefiadas por mulheres, sendo que sete no Brasil e duas no México. O número é mais preocupante ainda quando se pensa que apenas 1,8% das companhias de diferentes portes da região têm uma mulher no posto mais alto.

Inúmeras conquistas femininas foram alcançadas nas últimas décadas, todavia não se pode esquecer que as dificuldades de acesso a cargos executivos e as diferenças salariais demonstram que ainda existem grandes barreiras a serem suplantadas. O Censo 2010 realizado pelo IBGE, por exemplo, revelou que o salário médio da brasileira equivale a 73,8% daquilo que um homem recebe no mesmo cargo, uma relativa melhora comparativamente ao nível de 67,7% da pesquisa feita em 2000, mas ainda distante da paridade de remuneração já alcançada em outros países.


Por outro lado, as mulheres também têm o que comemorar. Em média, elas chegam mais rapidamente a cargos de gerência (36 anos, contra 40 anos dos homens), já respondem por 42% das vagas ocupadas no mercado formal e representam dois terços das pessoas que concluem cursos superiores no país.


Aliás, este último dado merece destaque, pois ajuda a explicar porque as mulheres ascenderam tanto nos últimos anos. Com uma escolaridade maior, muitas empresas optam por elas quando precisam preencher seus cargos técnicos especializados e posições de gestão. O número de engenheiras tem aumentado consideravelmente, as administradoras de empresas já são maioria e o mesmo ocorre nos cursos de pós-graduação onde elas já dominam as salas de aula.


Outro ponto que deve ser ressaltado é que a decisão de compra numa série de mercados passa pelo crivo feminino – especialmente em bens de alto valor –, sendo imprescindível às organizações, por conseguinte, saberem o que elas pensam. Mas como as companhias estão descobrindo o que passa por suas cabeças? Dentre outras medidas, passaram a contratar mulheres para cargos de liderança operacional, áreas ligadas ao desenvolvimento de novos produtos e estão procurando formas de facilitar o ingresso delas nos conselhos de administração.


Além disso, a própria realidade complexa atual as favorece, visto que dentre as competências mais valorizadas, muitas são genuinamente femininas. A intuição, também chamada de "sexto sentido da mulher", é fundamental na tomada de decisões e já se comprovou cientificamente que os homens não são tão intuitivos assim. Outra competência, a flexibilidade, é desenvolvida pelas meninas desde a infância enquanto que, culturalmente, a educação dos meninos os leva a serem mais rígidos quando solicitados a lidarem com mudanças. Isto só para citar duas das habilidades mais requeridas.


É claro que a sociedade precisa vencer o preconceito que ainda recai sobre a mulher trabalhadora no Brasil, mas a sua dedicação, entusiasmo e competência estão compensando o atraso cultural ainda existente. Ao mesmo tempo, discussões políticas à parte, a eleição de uma mulher para presidir o Brasil demonstra que o sexo feminino encontra-se fortalecido e preparado para ocupar qualquer cargo de liderança no mundo contemporâneo.


Como admirador das mulheres e interessado direto no assunto em questão, torço apenas para que dentro de alguns anos não tenhamos que recorrer a um sistema de quotas para garantir o acesso do homem aos bons postos de trabalho.


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