Em muitas companhias, o último nível de liderança é exercido por aquele executivo que chega à presidência. No post de hoje, mais um da série "Pipeline de Liderança", baseada nos estudos dos autores Ram Charan e Stephen Drotter, vamos falar da crítica passagem de uma posição de diretor ou gerente-geral para a de diretor geral ou presidente. Em outras palavras, a transição de gestor funcional para gestor de negócios.
É importante ressaltar que, nas multinacionais, o quarto nível da liderança representa a presidência das operações em determinado país. Portanto, diferente do que ocorre nas companhias nacionais, não se trata do último degrau da liderança.
Papel
Enquanto gestor funcional, esse diretor ou gerente-geral precisava ter uma visão completa do negócio, porém sua atuação localizava-se numa unidade fabril específica ou à frente de uma área funcional (operações, finanças ou marketing). Agora, na gestão do negócio, como presidente, terá que ver e agir no todo.
Ou seja, será o principal responsável por garantir a vantagem competitiva da companhia, aumentar a lucratividade, buscar o crescimento e manter o controle sobre o negócio. Uma missão e tanto.
Desafios da passagem
Confira quais as principais mudanças necessárias na transição para este quarto nível da liderança:
– Ao assumir a presidência de uma empresa, o gestor de negócios precisa se conscientizar de que não é mais responsável por apenas uma área funcional, mas pelo negócio todo. É ele quem responde, em última instância, por aquilo que ocorre na companhia.
– Uma das possíveis dificuldades, neste momento, é a falta de experiência e conhecimento das diferentes áreas da organização. Se ele construiu a própria carreira apenas no setor administrativo e nunca se envolveu com a produção, por exemplo, terá dificuldades para compreender que melhorar a produtividade em apenas 2% exige um esforço enorme.
– Outro grande desafio é ser um comunicador capaz de inspirar os colaboradores da organização. Ele precisará desenvolver a capacidade de falar de forma objetiva e muito clara com todos os níveis da empresa. Terá que mexer positivamente com as pessoas.
– Como presidente, esse executivo deverá reunir uma equipe forte, afinal muito do seu trabalho acontecerá por meio dos diretores subordinados a ele. Mas é importante escolher pessoas com base não apenas na confiança e sim que sejam competentes para o trabalho.
Resumindo
O cargo de presidente exige o conhecimento global do negócio e a valorização de todas as áreas funcionais da empresa – operações, marketing e finanças. Por isso, executivos que tiveram a oportunidade de construir uma trajetória em diferentes áreas, fugindo à tendência de uma carreira linear, têm grandes possibilidades de realizar essa transição com sucesso. Infelizmente, o contrário também é verdadeiro.
E o que a sua empresa pode fazer para que a transição seja bem-sucedida?
– Uma dica é ajudar o novo presidente a mudar a mentalidade. Agora, ele não é mais gestor funcional e sim do negócio. E um dos grandes problemas dessa passagem da liderança é o profissional simplesmente não entender o negócio e, por consequência disso, tomar decisões priorizando as áreas que têm mais afinidade.
– É imprescindível que a empresa o ajude a entender que não tem problema se mostrar incompetente de vez em quando. Na posição de presidente, ele precisa escutar mais do que falar. Ser humilde e estar disposto a aprender, conhecer como a empresa funciona no todo.
– Para ajudá-lo na transição, a companhia pode incentivar a participação do novo presidente em clubes ou associações onde ele possa estar em contato e trocar experiências com executivos que atuam no mesmo nível de liderança que ele.
Os desafios são cada vez maiores e mais complexos a cada passagem da liderança. Por isso a importância de as empresas promoverem o acompanhamento e dar o suporte necessário aos seus líderes. Afinal, ninguém cresce sozinho e o interesse em performar deve ser compartilhado entre executivo e organização.