Em algum momento você já deve ter ouvido falar sobre "Inteligência Emocional", um conceito criado pelo psicólogo, escritor e PhD da Universidade de Harvard, Daniel Goleman, na década de 1980. Em seus estudos, ele a define como a "capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos".
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Mas para compreender melhor o assunto, vamos voltar um pouquinho mais ao passado. Antes de Goleman, falava-se muito na importância de ter um alto QI, o conhecido Quociente de Inteligência, para conseguir lidar com a complexidade cognitiva de certas profissões, como a de executivos no topo da carreira, por exemplo. E, sim, para algumas posições o QI continua sendo fundamental, mas não o suficiente. Em suas pesquisas, o especialista constatou que os líderes das empresas, de maneira geral, eram contratados pela capacidade técnica e frequentemente demitidos pela falta de competência emocional.
Ou seja, a Inteligência Emocional é a principal razão da eficácia de pessoas que apresentam desempenho excelente nos cargos que ocupam. E Goleman explica por quê. Segundo ele, a maioria das situações de trabalho e da vida é envolvida por relacionamentos entre as pessoas. Portanto, aquelas que possuem qualidades como afabilidade, compreensão e gentileza têm mais chances de alcançar o sucesso. Segundo o psicólogo, a Inteligência Emocional pode ser categorizada por quatro habilidades: autoconsciência, autogestão, empatia e habilidade social. Vamos conhecer um pouco sobre cada uma delas:
– Autoconsciência
Nada mais é do que conhecer as próprias fraquezas, limitações, emoções, forças e impulsos. Pessoas autoconscientes são capazes de enxergar as próprias qualidades e defeitos de forma madura e conseguem monitorar melhor o estado de humor. Apresentam comportamento adequado diante de diferentes situações.
– Autogestão
Significa, basicamente, manter o autocontrole emocional diante de situações nas quais geralmente não é fácil dominar os impulsos. Pessoas com este tipo de habilidade tendem a refletir, ponderar, se adaptar bem às mudanças ou cenários complexos. Mas fique atento: não é raro os profissionais que possuem autoconsciência e autogestão serem vistos como "frios", por atuarem de forma racional e dominarem bem as próprias emoções.
– Empatia
Tem a ver com levar em consideração o sentimento dos outros nas tomadas de decisão. Ao contrário do que se possa imaginar, a empatia não significa ter que agradar a todos, até porque isso tornaria qualquer papel de gestão um verdadeiro martírio no dia a dia. Está mais relacionada com a disposição de olhar o outro e ponderar seus sentimentos e expectativas antes de escolher o caminho a seguir, ainda que isso implique fazer algo que as outras pessoas não concordam.
– Habilidade social
É a capacidade de agregar, de conduzir as pessoas na direção que você deseja. Representa a culminância das outras dimensões da Inteligência Emocional. Pessoas com habilidade social sabem como cativar o outro, tem traquejo nos relacionamentos e desenvolvem vínculos amplos. Trata-se, portanto, da competência de fazer com que o bate-papo despretensioso no corredor da empresa ajude a solidificar alianças, quando a maior parte das pessoas enxerga aquela interação apenas como perda de tempo.
Por que e como desenvolver essas competências?
A falta de Inteligência Emocional afeta o desempenho dos líderes que atuam em sua empresa. Por exemplo, um gestor que não possui autoconsciência costuma insistir nos mesmos erros, não dá ouvidos para os feedbacks que recebe e, com o passar do tempo, fica isolado. Aquele que, por sua vez, não consegue ter autogestão descontrola-se facilmente diante de um problema ou simplesmente permanece paralisado quando as coisas não saem como gostaria.
O líder sem empatia dificilmente compreende por que as pessoas do seu time resistem aos seus pedidos ou determinações, já que ele é incapaz de entender como afeta o outro ou o que passa na cabeça dos colaboradores que deviam segui-lo. Por último, a falta de habilidade social implica na limitação da influência ou impacto que as lideranças exercem sobre seus subordinados e outros profissionais da hierarquia da organização.
É por todos esses motivos que o desenvolvimento da Inteligência Emocional deve ser uma preocupação constante dentro da sua empresa, principalmente entre as lideranças. Algumas iniciativas interessantes que vocês podem aplicar são essas:
– Introduza o tema por meio da leitura de um livro ou artigo sobre o tema. Duas obras com capítulos bem interessantes – e que recomendamos – são essas: "Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente" e "Liderança: a inteligência emocional na formação do líder de sucesso", ambas de Daniel Goleman e publicadas pela Editora Objetiva.
– Promova um curso ou palestra com um consultor experiente que possa abordar o tema para os líderes da sua empresa.
– Assistam vídeos como esse (atente-se que está em três partes), que explicam o assunto de forma clara e objetiva.