Os advogados costumam dizer que 90% das reclamatórias trabalhistas são motivadas por demissões mal conduzidas. Muitos profissionais ficam chateados pela forma como foram dispensados das empresas e acabam encontrando na Justiça uma forma de "se vingar". Para que esse tipo de situação não ocorra na sua companhia, recomendamos que você prepare muito bem os seus líderes para conduzir processos de desligamento.
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Principalmente neste momento de crise, em que muitas empresas têm reduzido o quadro de funcionários para cortar custos, é interessante incluir um módulo sobre como comunicar uma demissão dentro do Programa de Desenvolvimento de Lideranças. Existem muitos gestores que, por desconhecimento ou falta de experiência e maturidade, acabam falando o que não devem e usando as palavras erradas nessa hora.
Sabemos que não é nada agradável ter que cumprir o papel de dizer a um profissional que o trabalho dele não é mais necessário dentro da companhia. Mas é preciso levar em conta que os líderes, de forma geral, têm sua parcela de responsabilidade pelo fraco desempenho dos seus liderados e, consequentemente, do desligamento deles da empresa. Ou seja, os gestores precisam se conscientizar disso e estarem preparados para serem questionados a respeito numa reunião de demissão.
O treinamento, portanto, deve ensinar questões básicas do que fazer antes, durante e depois do processo. Os líderes precisam saber o que podem ou não podem falar e qual o melhor local, horário e dia da semana para fazer tal comunicado, por exemplo. Também é importante que transmitam segurança acerca da decisão, sejam educados e tenham paciência para dizer o que precisa ser dito. E, claro, que ofereçam espaço para que o funcionário se expresse.
É interessante que esse módulo seja feito com simulações dos possíveis cenários que podem ocorrer durante a comunicação de uma demissão. No entanto, fique atento: talvez o curso não seja suficiente para suprir todos os gaps dos líderes de uma só vez, especialmente se eles não conduzem processos de desligamento em sua rotina.
Por isso, é importante que, quando forem colocar em prática o que aprenderam, tenham um moderador que facilite a reunião, dê suporte e, se necessário, assuma as rédeas da conversa com o profissional que está sendo demitido. Essa pessoa pode ser alguém do setor de Recursos Humanos (RH) ou um consultor externo, por exemplo.
É relevante destacar que, se o líder cumpriu bem o seu papel de oferecer feedback constante do trabalho dos seus liderados, com certeza a demissão não será vista com tanta surpresa por aquele profissional que recebeu vários avisos e sabia que o seu desempenho estava aquém das expectativas da empresa. Quando o gestor faz a "tarefa de casa" fica mais fácil comunicar uma decisão delicada como essa. E o raciocínio contrário também é verdadeiro.
Resumindo
Os líderes precisam aprender a lidar com os desafios diários do cargo e isso inclui, infelizmente, as tarefas difíceis e desconfortáveis, como dizer "adeus" a quem já não faz parte dos planos da companhia. Por isso, quando o RH, sozinho, conduz os processos de desligamento, enfraquece os gestores internos e ainda assume para si uma tarefa que não pertence ao departamento.
Contudo, é preciso capacitar os líderes para conduzirem comunicados de demissão, pois dependendo da forma com que as pessoas forem tratadas nesse momento, muitas reclamatórias trabalhistas certamente surgirão mais adiante. Ou então essas mesmas pessoas continuarão a nutrir bons sentimentos sobre a empresa – mesmo já não trabalhando em seus quadros -, por considerarem que mais uma etapa de suas carreiras foi concluída dignamente e de modo respeitoso.
Quem costuma comunicar demissões dentro da sua empresa? Por que?