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A soma de todos os medos

06 set 2010 às 13:07

Muitos dos jovens integrantes da geração Y, nascidos entre 1980 e meados da década de 1990, estão começando agora a definir o rumo profissional e a buscar as primeiras oportunidades no mercado de trabalho. Em função das características peculiares dessa geração, há muito medo, insegurança e dúvida quanto ao que fazer.

São decisões difíceis, que precisam ser tomadas justamente na adolescência, um período de transição entre a infância e o mundo adulto, caracterizado por um turbilhão emocional. Como avalia Cristina Consalter, psicóloga organizacional e do trabalho e consultora na área de desenvolvimento de pessoas, ‘talvez o maior receio desse jovem seja o de não conseguir avançar para a outra fase, o mundo adulto’.


Há o desejo de seguir em frente ‘e o medo de enfrentar uma situação nova, um momento novo, o ainda não experimentado’, complementa. São sentimentos conflitantes, ‘que causam ansiedade e podem levar o jovem a se boicotar, justamente no vestibular, ‘esquecendo-se’ do que aprendeu na hora de ser avaliado’, explica.


Segurança e conforto
Por outro lado, esses jovens formam uma geração ‘protegida’, uma vez que a questão da segurança, em toddos os níveis, tem sido uma das grandes preocupações de seus pais. Tendem, por isso, como demonstram vários estudos sobre o assunto, a ficar mais tempo dependentes da família, acostumados que foram a um determinado nível de bem-estar social e econômico.


Como observa Cristina, ‘é uma geração que demora mais para sair de casa; que prefere, muitas vezes, esticar ao máximo esse tempo, para não abrir mão do conforto e da proteção que experimenta’. É, portanto, uma fase de ambiguidades, ‘em que se sabe que é preciso fazer esescolhas e que essas escolhas significam responsabilidade’, diz a psicóloga. ‘Também é o momento de perceber que, ao se decidir por uma profissão, uma carreira, será preciso deixar de lado uma série de outras possibilidades, o que pode gerar muita angústia’.


E se não for isto?
A geração Y, caraterizada como ‘da internet’, tem acesso à informação como nunca se viu. São jovens acostumados à diversidade, à variedade e às tecnologias que mudam de forma contínua e vertiginosa. Seu foco, por conta disso, está mais no imediato, no curto prazo, gerando uma falta de perspectiva que acaba se tornando um outro tipo de pressão. ‘E se eu não escolher corretamente e se esta não for a profissão que quero seguir?’ podem se perguntar, mais uma vez angustiados.


Para Cristina, de acordo com o que tem observado em sua área de atuação, ‘a graduação universitária nem sempre implica na definição de uma carreira’. Hoje, continua, ‘está cada vez mais comum a pessoa se definir a partir da pós-graduação, ajustando ou mesmo mudando, se for o caso, o rumo de seu direcionamento profissional’.


Mudanças são naturais
Portanto, os medos, angústias e pressões que se avolumam tanto neste período não precisam ser superdimensionados. ‘Quando não se enfrentam esses medos’, pondera a consultora, ‘a tendência é considerá-los enormes, no nível do imaginário, da fantasia, a ponto de parecerem insuperáveis. Então, ficamos paralisados, não conseguimos caminhar para a frente’.

‘Ajuda, nessa fase’, diz Cristina, ‘trabalhar os aspectos emocionais, com um acompanhamento psicológico de curta duração’. Aprender a entender melhor seus sentimentos e a lidar com os obstáculos do caminho de forma segura e autoconfiante são conhecimentos preciosos, que vão ser úteis não apenas na etapa do vestibular, mas por toda a vida.


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