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Típico do Paraná, barreado é perfeito para aplacar o frio

08 jul 2011 às 10:13

O alvoroço na estação ferroviária de Curitiba começa cedo. Por volta das sete horas da manhã, o número de pessoas comprando passagens de trem já é grande. Muitos querem conhecer a ferrovia centenária Curitiba-Paranaguá, que liga a capital à pequena cidade histórica de Morretes. A idéia é chegar na hora do almoço. Ou seja, a tempo de saborear o mais tradicional prato paranaense: o barreado.

O apito do trem anuncia que todos devem tomar seus assentos. Já são oito da manhã e, em breve, o trem deixará a estação. Pontualmente, quinze minutos depois, o passeio começa. Muitos buscam sentar do lado esquerdo do vagão, de onde se avista melhor a paisagem. O trem segue pelos trilhos vagarosamente, cortando a capital em direção ao litoral. Aproximadamente 90 minutos depois da partida, surgem as primeiras vistas da mata atlântica: bromélias, samambaias gigantes, cipós, árvores de tudo que é tipo, idade e tamanho; além de lagos, cachoeiras, riachos.



Mais a frente o trajeto segue, passando por túneis, viadutos e pontes que ligam desfiladeiros. Ao fundo, a cadeia de montanhas da Serra do Mar que inclui um dos picos mais altos do estado: o Pico do Marumbi, com 1.539m de altura.


A chegada a Morretes


Cerca de quatro horas depois do horário de partida, o trem chega à estação de Morretes. Apesar de seguir viagem até Paranaguá, é nessa pequena e charmosa cidade histórica que desce a maioria dos passageiros. O pacato povoado está há 68 km de distância de Curitiba e foi fundado em 1733. Suas balas de banana, assim como suas cachaças artesanais, são quase tão conhecidas quanto o saboroso barreado servido nos restaurantes da cidade.


Ao caminhar por ruas tranquilas, percebe-se que as construções coloniais estão bem preservadas, que as praças são arborizadas e que há gôndolas com turistas passeando pelo rio Nhandiaquara. O nome do rio que margeia Morretes é de origem indígena: nhundi significa peixe e quara, buraco. O rio Nhandiaquara foi também um dos rios mais auríferos da região, contribuindo economicamente para o desenvolvimento do Estado.


Em Morretes são muitos os restaurantes que ficam ao lado do rio. E todos costumam servir a marca registrada da cidade: o barreado. Um desses restaurantes é o Casarão, uma construção preservada do século XIX. Sentar em sua varanda num dia de sol é um privilégio. A vista, além das tranquilas águas do Nhandiaquara, inclui o imponente pico do Marumbi.


O barreado


O barreado consiste basicamente de um cozido de carne preparado em fogo baixo, por horas a fio, em uma panela de barro selada com uma mistura feita de farinha e caldo. Banana, farinha e arroz são os acompanhamentos ideais para o prato.


Reprodução


A iguaria é conhecida em Morretes há mais de 200 anos. A história mostra que o a receita surgiu junto com o entrudo – festa popular semelhante ao carnaval. Durante o evento, o barreado era preparado aos montes para que ninguém precisasse cozinhar durante os dias de festa. Assim, todos passavam o dia dançando e, quando sentiam fome, requentavam o barreado sem que ele perdesse seu sabor. Para evitar que a carne secasse demais com a evaporação, as pessoas decidiram passar a cobrir as panelas com uma folha de bananeira, amarrando-a. E ainda, depois de tampada, passaram a "barrear" a panela com um pirão feito com farinha, cinza do fogão a lenha e água. Assim surgiu o termo "barreado".


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