De longe o açaí lembra uma jabuticaba miúda. Mas ao tocá-lo para exame minucioso e colocá-lo na boca, percebe-se que é semelhante a um minúsculo coquinho. A fruta não possui polpa e sim um enorme caroço revestido com uma fina película arroxeada. Da sua raspagem é que se faz o chamado "vinho" de açaí, a tão conhecida bebida consumida em tigelas.
O açaí é o fruto do açaizeiro, uma palmeira nativa da região amazônica que atinge até 25 metros de altura. De formato redondo e diâmetro de, no máximo, um dedo mindinho, o açaí se frutifica em cachos. Embora seja encontrado o ano todo, é mais abundante entre os meses de julho e dezembro, e deve ser colhido quando estiver arroxeado, já maduro.
Desde cedo as crianças ribeirinhas são treinadas para subir no açaizeiro e apanhar os cachos de açaí. Descalças, elas abraçam a árvore com as mãos e os pés e usam uma espécie de corda feita com fibra de palmeira como alavanca para chegar ao topo. Anos mais tarde, recebem um facão dos pais. A lâmina deve ser colocada entre os dentes e serve para cortar o cacho. Alguns o amarram em uma corda, descendo com cuidado, para não espatifá-lo no chão, espalhando as frutinhas pelo mato.
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O açaizeiro é também conhecido pelo nome de Juçara, principalmente no Maranhão. Dele praticamente tudo é aproveitado: do tronco é extraído o palmito e das folhas são feitos tetos para casas de caboclos. A polpa do açaí é altamente energética e, por ser rica em cálcio, minerais e vitaminas especialmente B1 e B2 , equivale a uma refeição. Mas as pessoas que vigiam a balança devem ter cuidado: o açaí é bastante calórico e gorduroso – cada 100 gramas de polpa possui 248 calorias e 9 gramas de gordura.
'Xodó' dos paraenses
O açaí é a fruta mais apreciada pelos paraenses. É consumido como desjejum no café da manhã ou, no mais tardar, como refeição na hora do almoço. Sob as tendas do Mercado Ver-o-Peso, centenas de homens e mulheres disputam um banco diante de seu box favorito para almoçar açaí com peixe frito. Conforme a preferência do freguês, junta-se um punhado generoso de farinha de mandioca e algumas gotas de molho de tucupi com pimenta-de-cheiro.
No Rio, açaí com mel, banana e granola
No Rio de Janeiro, tomar uma tigela de açaí depois da academia é programa corriqueiro. Fora da região Norte, a capital fluminense é onde a fruta mais faz sucesso. Se em Belém, a polpa é consumida por necessidade, junto de farinha de mandioca ou tapioca, no Sudeste é símbolo de vitalidade e energia da chamada "geração saúde". Os cariocas passaram a tomar o açaí influenciados pelo folhetim "Malhação", exibido pela Rede Globo. Depois da academia, de camiseta regata e chinelo de dedos, adolescentes e jovens adultos buscam um quiosque que sirva a polpa. A predileção dos cariocas é por uma tigela de açaí com granola, mel, xarope de guaraná e "muitassh fatiassh de bananassh".
Fonte: Sabor Brasil