O alho comum (Allium sativum) já é amplamente utilizado pelos benefícios à saúde que proporciona, geralmente atribuídos à presença de compostos organossulfurados. O alho fresco possui quase o quádruplo de compostos organossulfurados encontrados na cebola, brócolis e couve-flor (considerados fonte desses compostos). Entretanto, o consumo do alho in natura pode causar diversos efeitos colaterais, incluindo anemia, alterações na microflora intestinal e redução dos níveis de proteína sérica – o que não acontece com o alho negro.
A alicina é um princípio ativo presente no alho responsável pelos seus benefícios medicinais. No entanto, a alicina é instável sob alta temperatura e é perdida quando o alho é cozido ou secado.
A fermentação do alho converte a alicina em S-Alil-Cisteína (SAC), um potente e estável antioxidante. O SAC tem o dobro da capacidade antioxidante e é comprovadamente melhor absorvido pelo corpo que a alicina. Os benefícios do SAC são: Fortalece o sistema imunológico, melhora a saúde cardiovascular, ajuda na regulação da pressão arterial, antioxidante natural, diminui o estresse oxidativo relacionado ao envelhecimento, entre outros.
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O alho negro possui uma quantidade abundante de compostos antioxidantes, como polifenóis, flavonóides, derivados tetrahidro-β-carbolina e compostos organossulfurados, incluindo S-alil-cisteína e S-alil-mercaptocisteína, em comparação com alho fresco. Estudos revelaram um aumento do polifenol total e o flavonóide do alho negro em 9,3 e 1,5 vezes, respectivamente, em comparação com o alho fresco. A concentração de S-alil-cisteína, um dos compostos bioativos organossulfúricos mais importantes do alho, também aumenta no alho preto de 4,3 a 6,3 vezes, dependendo do tratamento térmico.
Devido à abundância de compostos bioativos, o alho negro tornou-se um dos produtos mais conhecidos e proeminentes no mercado de alimentos nutracêuticos e funcionais, com um notável crescimento da demanda de consumo e lucratividade nos últimos anos. Além disso, o alho negro tem atraído não só a atenção do consumidor, mas também o pesquisador e os fabricantes na melhoria de seu processo de produção, bem como a inovação de novos produtos de processamento de alho negro
Há um grande número de pesquisas que procuram elucidar os efeitos do alho negro para saúde. Entre eles:
1. Efeito Anticancerígeno
Com o crescente número de evidências relatadas para o efeito anticancerígeno do alho negro nas últimas décadas, alguns pesquisadores sugeriram que o alho negro poderia ser usado para prevenir e tratar o câncer gástrico, de cólon, pulmão e leucemia.
De acordo com estes estudos, os mecanismo dos efeitos anticancerígenos do alho negro em diferentes tipos de cânceres seria variado, incluindo a indução de apoptose, interrupção do ciclo celular e inibição do crescimento e invasão do tumor.
2. Efeito Antioxidante
Os antioxidantes removem as espécies reativas de oxigênio, apresentando diversos efeitos farmacêuticos como: refrear a manifestação ou a metástase do câncer, inibir o aumento do colesterol do sangue, da pressão arterial e da taxa de glicose, melhorar a imunidade, a fadiga muscular, além de ter efeito antibacteriano, antiviral e antialérgico.
As espécies reativas de oxigênio possuem ligação direta com os fatores de manifestação de câncer, doenças associadas ao estilo de vida, doenças crônicas e o envelhecimento.
3. Afina o sangue
O alho negro pode inibir a formação de trombos, mantendo o sangue fino, melhorando a pressão alta e impedindo infartos e AVCs.
Em um estudo foi identificado que o alho negro melhorou o perfil lipídico sérico, como colesterol total, triglicerídeos, LDL e HDL em camundongos alimentados com uma dieta rica em gordura.
Cientistas mostraram que o alho negro envelhecido poderia melhorar o perfil lipídico no sangue em pacientes com hipercolesterolemia leve. Neste estudo, sessenta participantes foram divididos em dois grupos. Um recebeu 6g de alho negro envelhecido (cerca de 3 dentes de alho negro) e o outro recebeu placebo duas vezes por dia antes de uma refeição todas as manhãs e à noite por 12 semanas. Como resultado, o alho negro aumentou os níveis de colesterol HDL e diminuiu os níveis de um indicador para doença arterial coronariana em comparação com o grupo placebo no final do estudo.
4. Antidiabético
Em estudo foi identificado que o consumo de dieta contendo alho negro aumentou significativamente os níveis de insulina em 12,1% e diminuiu a glicose sérica em 8,7% em camundongos db/db, além de diminuir a resistência à insulina.
Além disso, a hiperglicemia no estado diabético aumenta o estresse oxidativo e a terapia antioxidante pode ser fortemente correlacionada com a diminuição dos riscos de complicações diabéticas.
5. Anti-obesidade
O alho negro é conhecido como um importante ingrediente lipídico e redutor de peso. Em estudos, foi observado que o alho negro poderia reduzir o peso, diminuir a gordura renal e epididimal, atenuar a dislipidemia, reduzir no nível plasmático os níveis de lipídios totais, colesterol total e triglicerídeos e o aumentar o colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL).
Uma das explicações para o efeito anti-obesidade do alho negro é a regulação negativa de fatores de transcrição e enzimas relacionadas às sínteses de gordura e colesterol. Outros estudos sugerem que a capacidade anti-obesidade se relaciona à regulação da lipogênese, biossíntese de adipocinas, oxidação de ácidos graxos e ao transporte de ácidos graxos e glicose e lipólise no tecido adiposo e no fígado.
6. Aumenta a imunidade
Como não foi observada citotoxicidade nos extratos de alho negro contra células tumorais Meth A em um ensaio de cultivo misto, foi pressuposta a presença de outros mecanismos antitumorais, como a associação do sistema imunológico para erradicação de células tumorais.
Em um estudo foi observado um aumento na atividade de citocinas, Th1 IFN-, TNF- e NO e células NK, cruciais na eliminação células nocivas, como células tumorais, células infectadas por vírus, entre outros.
7. Mais vitalidade, menos fadiga
O alho tem o efeito de tirar o cansaço rapidamente e de forma integral. Tanto que no Japão, ele é conhecido como remédio para recuperação da fadiga. Os componentes do alho absorvidos pelo corpo entram em nossas células, agem no retículo endoplasmático para torná-lo mais ativo e estimula a sintetizar o maior número de proteínas possíveis.
Quando a vitamina B1, que é imprescindível para a recuperação de fadiga, se junta com a alicina, um componente do alho, esta se transforma em um elemento chamado alitiamina, também conhecido como B1, que dá mais vigor ao corpo.