"Sua mãe pode até esquecer o dinheiro que te emprestou, mas nunca vai esquecer o pote que você pegou". Muita gente já ouviu essa frase. Ele traduz com clareza a intrigante relação entre as mulheres e seus potes de cozinha: é quase um caso de amor! Mas, além das cores, formas, tamanhos e número de potinhos que você tem, para armazenar alimentos sem risco de contaminação, é preciso ficar atenta ao tipo de material do qual eles são feitos.
O órgão americano que regula o segmento de alimentos e medicamentos, conhecido como Food and Drug Administration (FDA), aponta que o vidro ainda é a embalagem mais segura para os consumidores, já que não é tóxico e é livre de substâncias nocivas à saúde. "Segundo alguns grupos de pesquisa norte-americanos, os potes plásticos em geral, quando aquecidos, podem liberar substâncias tóxicas e contaminar os alimentos. Fatores como o tipo de plástico com o qual o recipiente foi produzido, o tempo de aquecimento e sua condição física interferem no risco de contaminação", diz o professor Sandro de Oliveira, coordenador do curso de Química Industrial das Faculdades Oswaldo Cruz.
Quando se fala em plástico, o grande vilão é o bisfenol A (BPA), componente utilizado na fabricação de plásticos. Segundo o professor, estudos indicam que a substância pode estar relacionada ao aumento do risco de câncer, problemas hormonais e cardíacos, bem como provocar puberdade precoce, alterações no sistema reprodutivo, infertilidade, aborto e obesidade.
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No Brasil, a utilização dessa substância na confecção de utensílios plásticos destinados ao acondicionamento de alimentos é proibida desde janeiro de 2012. "É essencial evitar comprar recipientes para armazenar alimento que contenham esse aditivo, responsável por aumentar a flexibilidade do plástico", diz Sandro. E mais: se for levado ao micro-ondas, a quantidade da substância tóxica do pote é liberada 55 vezes mais rapidamente de que o normal.
Mas isso não quer dizer que você precise jogar todos os seus potes de plástico no lixo. Eles podem ser usados para guardar alimentos secos, como farinhas, arroz e feijão crus. "Como liberaram substâncias tóxicas quando aquecidos, é bom evitar guardar comida quente neles ou levá-los ao micro-ondas", diz Edison Kato, professor de engenharia de alimentos do Centro de Ciências da Natureza da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
Para evitar danos à saúde, órgãos reguladores criaram uma legislação que determina limites permitidos dos contaminantes (cargas, solventes, aditivos). Para saber se o vasilhame contém BPA, cheque o fundo da embalagem. Se dentro de um triângulo estiver descrito os números 3 ou 7, evite comprá-los.
Reaproveite
Os recipientes de vidro são os queridinhos no quesito saúde e até sustentabilidade, pois podem ser reaproveitados e reciclados infinitas vezes. Nesse grupo estão inclusos os potes de palmito, azeitona e até molhos de tomate. Em vez de jogá-los fora ou colocá-los para reciclagem, vale tentar reutilizá-los. "Se forem de vidro e a tampa não estiver violada, basta lavá-los, pois poderão ser usados quantas vezes forem necessárias", diz Kato.
Para a lavagem diária dos potes de vidro basta usar detergente e água fria. Se quiser uma higienização mais profunda, para guardar uma compota por exemplo, também é necessário passar uma pasta de bicarbonato de sódio com vinagre branco, misturada dentro do próprio recipiente, ou ainda, tratar com uma solução de hipoclorito de sódio (o mesmo usado para higienizar frutas e verduras).
"Os potes de plástico, porém, são porosos e acabam absorvendo substâncias presentes nos alimentos – nesse caso, não há método para retirar completamente o corante dos alimentos e as moléculas de odor", afirma Sandro, explicando por que é tão difícil remover as manchas de molho de tomate ou tirar o cheiro do peixe dos vasilhames plásticos.
Papinha do bebê
A comidinha de bebês deve ser o mais fresca possível. Deixar a papinha na geladeira por alguns dias faz com que os nutrientes se percam. "Se precisar armazená-la, prepare as papinhas e logo em seguida coloque num pote de vidro e mergulhe em água com gelo até esfriar (sem deixar a água entrar no pote). Congele em seguida. Evite plástico para armazenar as papinhas", finaliza Carolina Lenzi, nutricionista funcional. (Fonte: Portal Vital / Unilever)