A programação técnica da 52ª ExpoLondrina teve início na manhã desta quinta-feira, dia 5 de abril, com o debate de um dos assuntos fundamentais para a agricultura paranaense.
Representantes da cadeia produtiva do trigo estiveram reunidos no auditório Milton Alcover para o Fórum que abordou as questões que afligem o setor, e que contou com a participação do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Caio Rocha; presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, e presidente da Cooperativa Integrada, uma das promotoras do evento, Carlos Murate.
Uma política que garanta recursos para plantio e comercialização do trigo e o seguro da safra estão entre as ações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), segundo declarações do secretário de Política Agrícola, Caio Rocha.
Ele afirmou que ainda este mês o governo vai anunciar as medidas para a safra de trigo 2012, cujo plantio foi iniciado no dia 10 de março. "O preço mínimo (hoje em R$ 26,80) sofrerá reajuste e a média de R$ 2,5 bilhões para custeio e comercialização será mantida", disse.
Rocha afirmou também que o Ministério da Agricultura programa a elaboração de uma política agrícola antecipada, plurianual e com recursos para seguro da safra.
"A cultura do trigo é de extrema importância para a economia brasileira", disse, lembrando que o país importa praticamente a metade do produto necessário ao abastecimento. O secretário declarou que neste ano o governo pretende destinar cerca de R$ 660 milhões ao seguro da safra. Destes R$ 14 milhões serão só para o trigo.
Risco
Para Carlos Murate, presidente da Integrada, a cultura do trigo corre o risco de ser extinta no Estado, tal como ocorreu com o algodão e o café, que tiveram a área bastante reduzida. Segundo ele, a estimativa de redução de área de trigo de 17% neste ano não é real.
"Vai ser muito maior. Na área de atuação da Integrada (Norte e Oeste do Paraná), por exemplo, nos últimos três anos houve uma queda de 50% na área", diz. Segundo ele, a redução só não será drástica nas áreas onde não há opção de outras culturas.
Murate afirma que o principal problema do trigo é que as medidas e os recursos são anunciados e disponibilizados tardiamente, quando a safra está em curso e a cadeia produtiva já sofre com o volume de importações e com as questões mercadológicas. "O mercado não fica na espera das medidas do governo", critica.
Questões básicas
Para João Paulo Koslovski, presidente da Ocepar, o produtor de trigo espera respostas para três questões básicas. "Ele quer saber quais as regras de implantação dos recursos disponíveis, quais as medidas de apoio à comercialização, um dos principais gargalos do setor, e as condições e recursos do seguro rural", explica. Segundo ele, o governo disponibiliza para a agricultura, anualmente, R$ 200 milhões, para uma demanda de mais de R$ 700 milhões.
A pouca atenção à triticultura, de acordo com Koslovski, é a principal causa da redução de área. Ele diz que de 2009 a 2012 o Paraná plantou 35% menos e no Brasil a diminuição de área chegou a 16%. "O trigo é uma cultura de interesse nacional. As políticas para o setor devem envolver os ministérios da Agricultura, Fazenda, Planejamento, entre outros", enfatiza.
Koslovski afirma que questões relacionadas à exportação, sobretudo com o Mercosul, devem ser equacionadas pelo governo. "O agricultor precisa ter segurança para produzir e comercializar", diz.
Também participou do Fórum o chefe da Embrapa Trigo, Sérgio Dotto.