O auditor Felipe Bevilacqua, vice-presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), suspendeu, em caráter liminar, a decisão que permitia ao Flamengo ter jogos com a presença de público no Maracanã. As demais equipes da Série A do Brasileiro pretendiam pedir o adiamento da rodada do final de semana caso a autorização fosse mantida.
A decisão foi tomada na madrugada desta quinta-feira (16), horas depois de o time carioca vencer o Grêmio, pela Copa do Brasil, com 6.446 pessoas no estádio (6.277 pagantes).
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Em seu despacho, Bevilacqua anula até o próximo dia 28 os efeitos de uma liminar concedida pelo próprio STJD ao Flamengo na qual permite a venda de ingressos no Maracanã, desde que com o aval das autoridades sanitárias locais. Ainda não se sabe se o clube irá recorrer.
Já estava agendado para o dia 28 de setembro um novo conselho técnico na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no qual os integrantes da Série A decidiriam sobre o retorno do torcedor ao estádio.
A maioria entende que, por isonomia, não deverá haver torcedor nos estádios enquanto não houver o aval de autoridades sanitárias locais para todas as sedes do Campeonato Brasileiro, em razão do novo coronavírus.
Com a decisão de Bevilacqua, o Flamengo não poderá receber o seu torcedor contra o Grêmio, no domingo (19), pelo Campeonato Brasileiro. Mas deverá contar com os fãs diante do Barcelona de Guayaquil (EQU) pela Libertadores no dia 29.
Bevilacqua acatou o pedido de 17 clubes da Série A (somente Atlético-MG, Cuiabá e Flamengo não assinaram a petição) e da CBF, protocolado nesta quarta-feira (15), para suspender a liminar benéfica ao time rubro-negro.
No mês passado, o presidente do órgão, Otávio Noronha, entendeu que a decisão do veto ao público não caberia à CBF, mas ao poder público.
O Atlético-MG, que também conta com uma liminar semelhante à do Flamengo, não assinou a petição desta quarta. "Temos a liminar do STJD e a permissão da prefeitura de Belo Horizonte, mas vamos respeitar a decisão do arbitral [de só jogar com público quando as demais sedes tiverem condições iguais]. Não recorremos [para cassar a do Flamengo] porque seria contraditório da nossa parte", afirmou Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG.
Com o aval do STJD, o time carioca ignorou a decisão do conselho técnico, no último dia 8, na qual os 19 times (incluindo o Cuiabá) votaram pela manutenção do veto ao torcedor nos estádios.
A atitude isolada dos flamenguistas desencadeou em uma crise entre os principais clubes do país e a própria CBF. Além de irem ao STJD, os dirigentes ventilaram a ideia de uma carta pedindo a suspensão da rodada deste final de semana. O manifesto, porém, não foi unanimidade entre os cartolas.
O adiamento de dez partidas poderia sufocar o calendário, segundo dirigentes ouvidos pela Folha, além de prejudicar os compromissos comerciais dos clubes e trazer insegurança jurídica.
Nesta quarta, antes de a bola rolar entre Flamengo e Grêmio pela Copa do Brasil, o presidente da agremiação gaúcha, Romildo Bolzan Júnior, foi à sede da CBF, no Rio de Janeiro, para um almoço. O dirigente pediu, informalmente, ajuda para Ednaldo Rodrigues, presidente interino da CBF. O clube enfrentou o Flamengo horas depois, pela Copa do Brasil, no Maracanã, com torcida presente.
O gremista escutou de Rodrigues que somente o tribunal poderia resolver a situação. Horas depois do almoço, a CBF engrossou os pedidos dos 17 clubes junto ao STJD.