O GP da Malásia, domingo, confirmará se a McLaren é mesmo a equipe que construiu o melhor carro este ano, ao menos para o início do campeonato, rompendo, assim, um domínio de dois anos da Red Bull.
Jenson Button, com a McLaren MP4/27- Mercedes, venceu a prova de abertura do Mundial, ontem em Melbourne, Austrália, sem maiores dificuldades, e o bicampeão do mundo, Sebastian Vettel, com Red Bull RB8-Renault, ficou em segundo, dois segundos e 139 milésimos atrás.
Lewis Hamilton, companheiro de Button, com cara de poucos amigos, completou o pódio, em terceiro, depois de largar na pole position. Parecer ser uma boa notícia. É provável que a corrida no autódromo de Sepang, domingo, segunda do calendário, ratifique o que a competição de ontem, no circuito Albert Park, evidenciou e já os testes de pré-temporada sugeriam: a 63.ª edição do Mundial de Fórmula 1 deverá ser muito disputada. A Red Bull não estava escondendo o jogo. Não tinha cartas na manga, como as 58 voltas da corrida de ontem comprovaram. "Eu larguei sabendo que o máximo possível, hoje, seria o pódio. Jenson sumiu depois de duas, três curvas", disse Vettel, vencedor de 11 das 19 etapas em 2011. Seu parceiro, o ídolo local, Mark Webber, recebeu a bandeirada em quarto.
Já Button lembrou que a próxima pista do campeonato pode ser ainda mais favorável à McLaren. "Tem várias curvas de alta velocidade. Nos ensaios de Barcelona éramos muito rápidos nessas curvas." Foi a terceira vitória do inglês campeão do mundo de 2009 nos quatro últimos GPs da Austrália. "Quando entrei no quarto do hotel, minha namorada me disse que aquele era o mesmo das minhas duas vitórias. Talvez seja por isso, então", contou, rindo. "Pois no ano que vem pegue outro quarto", brincou Vettel, ao seu lado. O hotel é o Hilton on the Park e é possível ir a pé ao circuito.
Se existe um piloto que deseja passar imagem bem distinta da exposta no ano passado é Hamilton. A decepção com a terceira colocação estava nas suas expressões e respostas monossilábicas. "Tive um dia bem difícil", afirmou, com cara amarrada. "Não sei o que aconteceu, simplesmente não tinha um bom ritmo." Com o outro carro da McLaren, Button controlou a prova sem dificuldades. "O lado positivo é que trouxemos para cá um carro muito competitivo, o que me permite pensar em vencer já na Malásia", comentou Hamilton.
A McLaren não perdeu desempenho ontem, em relação à dobradinha no grid, sábado. O que não foi o caso da Mercedes. Michael Schumacher largou em quarto e Nico Rosberg, sétimo, sempre muito competitivos. Mas ambos não marcaram pontos. Schumacher abandonou quando era terceiro, por quebra do câmbio. E Rosberg alegou desgaste prematuro dos pneus e um toque com Sergio Perez, da Sauber, na última volta, para ser apenas 12.º, depois de terminar a primeira volta em quarto.
"O importante é que mostramos imenso potencial. Temos, agora, de encontrar formas de explorá-lo melhor", falou Rosberg. O modelo F1 W03 da Mercedes é mesmo muito rápido e deve permitir aos dois pilotos enfrentar as duplas da McLaren e Red Bull, outra boa constatação do fim de semana na Austrália, reforçando a ideia de uma temporada emocionante. Resta saber se Schumacher e Rosberg vão estar à altura de lutar no nível dos colegas. O Schumacher de hoje, 43 anos, não apresenta a mesma eficiência que o levou a ser, em números, o maior de todos os tempos. E Rosberg ainda não desencantou, não deu sinais de ser um supertalento. Agora, carro a Mercedes realmente tem.
O GP da Austrália não apresentou luta pela liderança nem maiores emoções, mas alternância de vencedor, o que a Fórmula 1 mais clamava depois do domínio avassalador de Vettel e da Red Bull em 2011. Além do inteligente e cada vez mais capaz Button, outros pilotos deram show no circuito Albert Park, como Pastor Maldonado, da Williams. Na última volta, na curva 7 - o traçado de 5.303 metros tem 16 - o venezuelano lutava com Fernando Alonso, da Ferrari, pelo quinto lugar, quando perdeu o controle do carro ao passar sobre a zebra e colidiu de frente, com violência no muro.
A Williams perdeu 8 pontos preciosos do sexto lugar. Em toda temporada passada somou 5. "Eu já administrava a sexta colocação, o acidente não foi por eu desejar ultrapassar Alonso. Talvez estivesse perto demais." Adam Parr, substituto de Frank Williams na direção da equipe, saiu-se com uma frase de efeito: "Não estou triste. Pelo contrário. Tive um grande fim de semana ao descobrir nosso potencial. É melhor ter e perder do que não perder por não ter".