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Tóquio 2021: Estádio Olímpico vê greve de fome e protesto do Partido Comunista

Alex Sabino e Carlos Petrocilo/Folhapress
16 jul 2021 às 11:44

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- Divulgação
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A estação Sendagaya do metrô é a mais próxima do Estádio Olímpico de Tóquio, local da abertura da Olimpíada, no dia 23 de julho.


Com a pandemia da Covid-19 e o anúncio da proibição de público, feito na semana passada pelo comitê organizador, a região da arena, que deveria estar cheia de turistas e moradores curiosos, tinha pouca gente nesta sexta-feira (16). Quem não ficou em silêncio, protestou.

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"Eu quero que as autoridades francesas e europeias tomem medidas concretas de represália ao Japão. Ou que eu tenha meus filhos de volta. Vou até o fim. Se isso significar a morte, que assim seja", diz o francês Vincent Fichot ao perceber à distância a presença da reportagem, identificada.

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Jogado em um colchonete a poucos metros do estádio e de um posto policial, Fichot, 39, iniciou no último dia 10 uma greve de fome. Cercado por alguns amigos, ele fica na região 24 horas por dia. Consome apenas líquidos, doados por transeuntes.

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"A Olimpíada é muito pouco perto do meu sofrimento e de outros pais estrangeiros que tiveram filhos sequestrados por mães japonesas. Eu não confio na justiça deste país, não confio nas instituições e nas autoridades", completa.


Em uma bandeira ao lado dele está impressa a data de 10 de agosto de 2018. É quando teve contato pela última vez com os filhos Tsubasa, 6, e Kaede, 4. Fichot afirma que a mãe os levou para um local que ele desconhece.

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Segundo o francês, nas quatro vezes em que foi à polícia, ouviu que se a mãe estava com as crianças, não se tratava de rapto. Mas se o pai fosse atrás delas e as tirasse da casa onde estavam, seria processado por isso.


"A última vez que vi meus filhos, fisicamente, foi em 6 de maio de 2018. Eu perdi tudo e sofri agressões físicas da minha mulher. Chamei policiais e, quando chegaram, riram da minha cara. Perguntaram por que eu não batia nela de volta e que poderia fazer isso. Tenho mensagens de que ela não permite que eu veja as crianças", se queixa, ao lado de Fichot, o australiano Daniel Popovsky, 45.

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Em outra faixa, eles pedem o fim do rapto de filhos nascidos de relacionamento de pais estrangeiros com mães japonesas. Fichot apresentou reclamações ao governo francês e ao Parlamento europeu, sem sucesso.


Eles não eram os únicos a reclamar. Por volta das 13h, membros do Partido Comunista Japonês estenderam faixas e, com alto falante em punho, discursaram contra a realização da Olimpíada no país e lembraram do recrudescimento da pandemia de.

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Uma das frases versava sobre o aumento de casos enquanto o país deverá receber "70 mil pessoas" para o megaevento. O cartaz continha os slogans estampados: "Vidas importam mais do que Olimpíada" e "Parem os Jogos Olímpicos!".


Um dos manifestantes gritava aos transeuntes que "não era justo, por uma ambição comercial, a população ser colocada em riscos."

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Nesta primeira quinzena de julho, paralelamente ao desembarque de delegações e profissionais credenciados para os Jogos, a capital japonesa amarga aumento de infectados pelo novo coronavírus. Na quarta (14), a cidade havia registrado 1.149 novos casos e, nesta sexta (16), foram 1.308 notificações. Os dados são da Universidade John Hopkins.


Além do receio com a doença, os japoneses, ávidos pelo megaevento, sofreram um golpe com o veto ao público. "Neste momento, está sem graça. Estou esperando uma nova forma de curtir a Olimpíada mesmo não estando presente. Não sei se eles conseguem inovar algo ou não", disse por telefone Hiroyuki Sunazuka, desenvolvedor de negócios em Tóquio.

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Protesto do Partido Comunista do Japão próximo ao Estádio Olímpico Carlos Petrocilo/Folhapress Protesto do Partido Comunista do Japão próximo ao Estádio Olímpico ** Há também a desmotivação dos comerciantes e autônomos, decepcionados com a perda de receitas. Funcionários de bares e cafés abertos na região estão proibidos de darem declarações.


"Eu esperava no mês da Olimpíada faturar o equivalente a um ano. Mas vou faturar em um mês o equivalente a... um mês!", se resignou o taxista Hirato, que não quis dizer o sobrenome e pediu licença com seu inglês vacilante para ir embora para evitar qualquer proximidade com estrangeiros.

Pesquisa realizada em maio pelo jornal Asashi Shimbun mostrou que 40% dos japoneses queriam que a Olimpíada fosse cancelada, enquanto outros 43% defendiam um novo adiamento, algo descartado pelo Comitê Olímpico Internacional.


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