Top-10 do mundo, a surfista brasileira Tatiana Weston-Webb chegou aos Jogos Pan-americanos como grande estrela. E na segunda-feira (30), confirmou o favoritismo, diante de um mar desafiador com ondas de quatro metros, para assegurar a medalha de ouro. Na final, ela derrotou a canadense Sanoa Dempfle-Olin por 12.33 a 10.13.
O surfe brasileiro ainda terminou a competição com três pratas, com Chloé Calmon, no longboard, e os surfistas de SUP, Aline Adisaka e Luiz Diniz, além de uma de bronze, com Carlos Bahia, no longboard.
Já classificada para os Jogos Olímpicos de Paris, segunda participação na competição internacional, Weston-Webb foi ao Pan para, além da conquista da medalha, sentir o clima de representar o país em uma delegação multiesportiva. Outro fator determinante foi a característica da onda de Punta de Lobos, que no dia final chegou a quase quatro metros, que se assemelha a Teahupoo, no Taiti, onde serão disputadas as competições de surfe dos Jogos Olímpicos.
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“Ano que vem tem Jogos Olímpicos e será uma esquerda grande igual aqui. Então, eu acho que foi um ótimo treino para o ano que vem. É uma honra sempre estar ao lado do meu time, representando o Brasil e batalhando ao lado deles para mais conquistas”, analisou a brasileira nascida em Porto Alegre e que foi para o Havaí quando era bebê.
Weston-Webb chegou Invicta à final e, na decisão, teve como melhores ondas um 7.33 e um 5.00 contra 5.30 e 4.83 da canadense. Ela apontou as dificuldades das ondas de Punta Lobos. “Foi super difícil, realmente. Eu acho que foi umas das condições mais difícil que eu já competi na minha vida. Realmente, não tem muitas ondas boas e alinhadas para fazer manobras, sabe? Era eu e Deus na água e Ele me mandou essa última onda para fazer pelo menos uma manobra muito boa e limpa”, agradeceu a campeã, que espera que a conquista inspire muitas meninas no surfe.
“Espero que a medalha represente uma inspiração para as meninas, para a gente continuar crescendo em nosso esporte. A igualdade está cada vez mais aparente e eu estou muito feliz de viver esse tempo do nosso esporte, como olímpico”, destacou.
Outra surfista que representou bem o Brasil na competição foi Chloé Calmon. Ela chegou à final do longboard em busca do bicampeonato do Pan. O ouro escapou, literalmente, na última onda. Faltando 30s para o fim da bateria, a adversária, a peruana Maria Fernanda Reyes surfou a única onda do dia e tirou 7.50, frustrando o sonho da brasileira. Contudo, Calmon preferiu valorizar o feito e a importância da segunda conquista continental para sua modalidade.
“Hoje em dia, para minha modalidade é o mais próximo que a gente chega de uma Olimpíada, então é um prazer poder trazer o meu esporte para esse nível e ter o reconhecimento que ele merece. Eu espero muito que um dia a gente esteja nos Jogos Olímpicos. Eu acho que isso agora é minha meta de vida. É um prazer poder estar fazer parte do Time Brasil e estar ao lado de grandes atletas em todas as modalidades e ver o surfe lado a lado com as outras modalidades que já tem mais tradição”, afirmou ela, que também analisou a bateria final no desafiador mar de Punta de Lobos.
“O meu objetivo para cá era trazer uma medalha para o Brasil e eu acho que saio daqui com a medalha no peito. Já é uma vitória. Foi difícil a virada na última onda, mas eu sei que eu dei o meu melhor na água. As condições estavam muito difíceis. Posso até arriscar dizer que foram as condições mais extremas que eu já competi com frio, chuva e o mar bem grande. Então, eu estou feliz com a campanha que que eu fiz aqui e é sempre um prazer poder surfar pelo Brasil”, ressaltou a carioca que foi vice-campeã mundial em 2016, 2017 e 2019.
No longboard masculino, Carlos Bahia, 40, no primeiro Pan, ficou com a medalha de bronze.
“A medalha representa todo esse trabalho, toda essa dedicação que eu venho dando ao esporte, ao longboard e ao surfe em si. É um orgulho muito grande sair daqui com a medalha no peito, chegar no Brasil e mostrar quem mais uma vez, o longboard chegou no pódio. Não era o que eu estava esperando, mas é um orgulho muito grande de dedicação ao trabalho”, comentou o baiano de Ibicaraí e atualmente radicado em Maresias (SP).
O stand up padle se despediu dos Jogos Pan-americanos com duas pratas. Aline Adisaka, no feminino, e Luiz Diniz, no masculino. A brasileira foi derrotada na decisão pela colombiana Isabella Brady. “Estou muito agradecida por estar aqui representando meu país e a todos que me dão suporte. O mar hoje estava intenso, condições extremas e eu estou muito feliz de ter chegado nessa final. Tudo tem um propósito e não devemos desistir de nossos sonhos. Estou feliz de conquistar a prata. Grandes nomes não chegaram a essa final, então estou muito grata”, ressaltou ela, que teve o pai como espectador especial em Pichilemu.
Já o tricampeão mundial Diniz, mais conhecido como Bolinha, dedicou a medalha à filha de 1 ano. “Poder representar e estar com um time inteiro é uma energia diferente, todos se ajudam, todos se comunicam. Temos aquela vibe do Brasil como sempre lá em cima. E poder levar essa medalha para minha filha é incrível”, pontuou o surfista, que foi superado pelo americano Zane Schweitzer na disputa do ouro.
O Brasil também foi representado no SUP Race com David Leão, que ficou em quarto, e Lena Ribeiro, sexta colocada.