A ginasta norte-americana Simone Biles, um dos destaques dos Jogos Olímpicos Rio 2016, denunciou na segunda-feira (15) que foi vítima de abuso sexual por parte de Larry Nassar, ex-médico da seleção dos Estados Unidos de ginástica. Em um texto publicado no Twitter, Biles, 20 anos, contou que estava relutante em compartilhar sua história, mas que agora reconhece que a culpa não foi sua. "Sou uma das tantas sobreviventes que foram abusadas sexualmente por Larry Nassar. Por favor, acreditem em mim quando digo que foi muito mais difícil falar primeiro essas palavras em voz alta do que é agora, ao colocá-las no papel", diz.
Sem entrar em detalhes, a ginasta acusa Nassar de comportamentos "nojentos e abusivos" e afirma que não carregará a culpa que pertence ao médico e à federação norte-americana de ginástica (Usag). "Por muito tempo me questionei: 'Fui muito ingênua? Foi minha culpa?'. Agora eu sei as respostas para essas perguntas. Não, não foi minha culpa. É incrivelmente difícil reviver essas experiências, e parte meu coração ainda mais pensar que, enquanto trabalho para competir em Tóquio 2020, terei de voltar repetidamente ao mesmo local de treinamento onde fui abusada", acrescenta.
Em seguida, Biles diz saber que essa experiência não a define e que prometeu a si mesma que continuará competindo com todo o seu "coração". "Não deixarei que um homem e aqueles que o habilitaram roubem meu amor e minha alegria", escreve, antes de pedir que todos respeitem sua "privacidade".
A ginasta conquistou quatro medalhas de ouro e uma de bronze no Rio de Janeiro, após uma trajetória de superação, na qual teve de enfrentar seu abandono pela mãe, usuária de drogas. Ao todo, cerca de 140 mulheres já acusaram Nassar, e uma sentença contra ele, referente a sete casos, é prevista para esta semana.
Se condenado, o ex-médico, já sentenciado anteriormente por posse de material de pornografia infantil, pode pegar prisão perpétua.