Serena Williams passou longe de jogar o melhor que sabe, mas Venus Williams também. Oito anos depois, as irmãs mais famosas do tênis voltaram a decidir um Grand Slam e o nervosismo das duas era claro na decisão do Aberto da Austrália, em Melbourne, neste sábado. Serena parecia mais inspirada e, com um duplo 6/4, venceu a irmã mais velha para faturar seu 23º título de Gran Slam, reassumindo a liderança do ranking mundial.
O jogo significava muito para as duas, nesta que foi apenas a terceira final de Grand Slam jogada por duas tenistas de mais de 30 anos - nunca uma decisão desse nível teve atletas tão experientes, com 71 anos somados. Foi o 28.º duelo entre elas, a nona final de Grand Slam. E também, ao que tudo indica, a última.
Venus, atual número 17 do ranking mundial, não chegava a uma final de Grand Slam desde 2009, quando foi vice-campeã em Wimbledon, perdendo exatamente para a irmã. Em 2008, faturara o que ainda é seu último título major. Aos 36 anos, ela parece já estar próxima da aposentadoria, ainda que no Aberto da Austrália tenha mostrado que ainda tem muito tênis para mostrar. Profissional desde 1995, ela jogou seu 73.º Grand Slam - um recorde.
Já Serena, ao vencer sua irmã mais velha pela 17.ª vez no circuito da WTA, conquistou o 23.º título de Grand Slam da carreira, superando Steffi Graf como maior vencedora da "era aberta" do tênis. Ela tem uma taça a menos que a australiana Margaret Court, que jogou nas décadas de 1960 e 1970.
Foi o 72.º título de Serena na carreira, o sétimo no Aberto da Austrália - Venus falhou na tentativa do 50.º. E, com a taça em mãos, Serena volta à liderança do ranking mundial da WTA, ultrapassando a alemã Angelique Kerber, de quem havia perdido na final do ano passado. Kerber terá 7.115 na atualização da próxima segunda-feira, contra 7.780 de Serena. Venus aparecerá em 11.º.
A lista de feitos de Serena não para por aí. Ela é mais velha campeã mulher de um Grand Slam (35 anos e 125 dias), a que reinou por mais tempo (entre o primeiro e o mais recente títulos de Grand Slam se passaram 17 anos e quatro meses), a com melhor aproveitamento em finais na era profissional (ganhou 23 títulos em 29 decisões). É, ainda, que mais venceu partidas, com 316 triunfos em Grand Slam. Roger Federer, se bater Rafael Nadal na final masculina, ganhará sua 314.ª partida.
São esses fatos que entrarão para a história, não que a segunda final entre as irmãs no Aberto da Austrália, a primeira após 14 anos, foi um jogo feio. Nos quatro primeiros games, foram quatro quebras de saque. Quando perdeu seu serviço pela primeira vez, Serena cometeu quatro erros não forçados seguidos. Na segunda vez, fez nada menos que três duplas faltas, inclusive a que garantiu a quebra para Venus.
A mais velha parecia dispersa, enquanto Serena se concentrava para não extravasar o nervosismo. Em um lance em que Venus mandou a bola na fita, a caçula escorregou e não conseguiu mudar o rumo da corrida. Irritada, bateu com a raquete no chão e a quebrou.
A partir do quinto game, o jogo melhorou um pouco. Venus conseguiu encaixar o saque, Serena passou a angular mais as trocas de bola, e uma nova quebra veio no nono game, para Serena. Depois, quando sacou para fechar, não cedeu pontos.
Venus tinha um calcanhar de Aquiles, que era o segundo saque. No primeiro set, seu aproveitamento foi de apenas um ponto em nove vezes que precisou sacar pela segunda vez, com Serena quase sempre pontuando direto na devolução.
A veterana conseguiu corrigir isso para o segundo set, assim como Serena passou também a sacar melhor. As duas confirmavam o serviço com alguma tranquilidade até que, no sétimo game, no segundo break point, Serena conseguiu a quebra. A partir dali, como no primeiro set, foi só trocar bolas, confirmar o saque, e garantir a vitória.