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Presidente da CBA quer reestruturar Fórmula 3 e criar Fórmula 4 no Brasil

04 fev 2018 às 13:49

Prestes a completar um ano no comando da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Waldner Bernardo de Oliveira iniciou a sua gestão preocupado com a base do automobilismo nacional. Ele se aproximou de dirigentes, entidades, empresários e autoridades do País para tentar dar fôlego novo à formação de pilotos brasileiros.

Nesta entrevista dada ao Estado, Dadai, como é chamado, revelou os seus planos de reestruturar a Fórmula 3 e criar a Fórmula 4 - que seria uma transição do kart para o monoposto -, comentou as sugestões dos especialistas ouvidos pela reportagem e reforçou que não é prioridade da CBA recolocar o Brasil na Fórmula 1. "Esse não é o único caminho para os brasileiros no automobilismo", destacou o dirigente.


O que o Brasil precisa fazer para voltar a ter pilotos na Fórmula 1?
Essa discussão é bem abrangente e não se restringe a ter ou não piloto na F-1. Não é nossa prioridade. A consequência de não ter deve ser o verdadeiro tema da discussão. Entender por que não teve e fazer com que a gente volte a ter pilotos não só na F-1. Mais importante é termos formação adequada, passando por todas as etapas. A F-1 não é o único caminho para os brasileiros.


E o que a CBA pode fazer para melhorar a formação de pilotos?
Quando falamos de base e carreira de piloto, a gente remete ao nosso projeto das escolinhas. Temos hoje seis implantadas, com recursos da FIA, e devemos chegar a 16 até o fim do nosso mandato. A FIA pagou 60% dos custos e a CBA entrou com 40%. O modelo é tão completo que decidimos abrir mais dez. O projeto foi aprovado pelo Ministério do Esporte, mas falta ser captado.


Qual é o caminho agora?
Se aumentar a massa crítica de forma substancial, não tenho dúvidas de que estaremos no ápice com mais pilotos sendo formados da forma devida. Os passos seguintes estão sendo formatados. Estamos vendo a viabilidade de criar a F-4 e a sustentabilidade e a reestruturação da F-3.


Buscar recursos para formar um projeto do tipo da Escuderia Telmex no Brasil seria viável para reaproximar o País da Fórmula 1?
A CBA conta com projetos via isenção de Imposto de Renda e nós já usamos estes recursos para beneficiar a F-3 como evento, e não para um piloto específico ou para uma equipe qualquer. Temos de fomentar o automobilismo como um todo, para a formação e promoção do kart, por exemplo. Temos hoje 8.500 pilotos no Brasil. Temos de ter projetos de formação para preparar o piloto para o mercado nacional e também internacional.


A Federação Francesa é apontada como referência na formação de pilotos. Concorda isso?
Não é a federação francesa nem o seu modelo de gestão. O que acontece na França é que a federação desenvolveu um projeto de escolinha de kart. A concepção é muito bem feita. São quatro módulos: meu primeiro volante, volante de bronze, de prata e de ouro. O aluno começa aprendendo a se vestir na primeira aula e vai passando por cada etapa até ter noções de pilotagem, ultrapassagem, frenagem, tangência e segurança. Pelo formato desta escola, você não precisa adquirir os equipamentos para começar no kart. Vai pagar a mensalidade e fazer todos os módulos. Se ao término você quiser dar sequência, aí sim vai adquirir o equipamento. A FIA até homologou este modelo como padrão de escola de kart e é o que estamos implantando aqui.


O senhor tem estimativa de data para criar a Fórmula 4 no Brasil?
Ainda não. Estamos trabalhando desde o meio do ano passado nisso. Conversamos com os fabricantes internacionais, temos promotores no Brasil buscando soluções. A grande questão é a financeira, a aquisição dos veículos, a montagem da estrutura para que isso funcione. Não temos expectativa de prazo. Estamos trabalhando incessantemente, mas não conseguimos dizer se vai acontecer em 2019 ou 2020.

A busca de empresários estrangeiros para agenciar jovens talentos brasileiros te preocupa?
Essa questão de plano de carreira depende de cada piloto. Não tem como direcionar ou obrigar. Temos que formar bons pilotos para o automobilismo como um todo. O que se pode é tentar fazer com que o cenário nacional seja do ponto de vista técnico o mais próximo possível do cenário lá de fora para que aqui eles se preparem da melhor forma possível.


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