Em mais um dia do seu longo julgamento, Oscar Pistorius descreveu nesta terça-feira, em Pretória, na África do Sul, a sua versão dos acontecimentos que resultaram na morte de sua namorada, Reeva Steenkamp, nas primeiras horas do dia 14 de fevereiro de 2013.
O astro paralímpico biamputado, acusado de ter premeditado o assassinato da modelo, chegou a tirar as próteses que utiliza nas duas pernas e chorou ao simular a cena do crime, cometido após ele ter disparado tiros com uma arma 9mm através da porta do banheiro da suíte do casal.
A porta cravejada de balas foi levada ao tribunal para mostrar como ocorreu o ato que resultou na morte de Reeva, sendo que o velocista sul-africano voltou a defender a versão de que confundiu a namorada com um suposto invasor que ele achou que estava em sua casa naquele momento.
Pistorius, que se emocionou durante o seu depoimento desta terça, afirmou que ouviu uma janela se abrir em seu banheiro, nas primeiras horas do dia 14 de fevereiro de 2013, fato que provocou uma suposta reação instintiva de pegar uma arma e atirar contra o suposto intruso. Ele alega que pensou que sua namorada ainda estava ao seu lado, na cama, no momento em que efetuou os disparos.
Com voz trêmula de emoção, o atleta disse que "tudo mudou" quando teria descoberto que sua namorada é que estava dentro do banheiro. "Queria se colocar entre a pessoa que teve acesso à minha casa e Reeva", alegou nesta terça-feira.
Pistorius retirou as suas próteses ao descrever a cena do crime para voltar a sustentar a versão de que estava sem as mesmas quando atirou contra a porta do banheiro. Ele diz que colocou as próteses logo após os disparos e depois foi até a porta do banheiro com um bastão de críquete para arrombar a porta e chegar onde estava a sua namorada, após ter supostamente a confundida com um invasor.
A conclusão de que Pistorius usava ou não próteses é importante porque, caso fique comprovado que ele mentiu ao dizer que as utilizava, cairá por terra parte do seu argumento de que atirou na modelo de forma acidental, expondo assim as inconsistências de sua versão.
Mas, apesar do discurso emocionado e da recriação da cena do crime por parte da defesa, a promotoria segue convencida de que o velocista matou a namorada após uma forte discussão do casal.
Uma pausa para o almoço interrompeu o momento no qual Pistorius terminaria de descrever a sua versão do crime nesta terça. Depois desta paralisação, ele surpreendeu ao retornar para o tribunal sem o terno que vestia anteriormente, usando camiseta e uma bermuda, deixando suas próteses à mostra. Ele defende que se sentiu vulnerável por supostamente não estar usando próteses no momento em que atirou contra a porta do banheiro.
Se for considerado culpado no julgamento que começou em 3 de março, foi paralisado no último dia 28 e retomado na última segunda, Pistorius poderá até mesmo ser condenado à prisão perpétua, com direito a solicitar liberdade condicional após cumprir 25 anos de pena na cadeia.
Antes de matar a namorada, o sul-africano era um atleta mundialmente admirado, cuja carreira atingiu o ápice em 2012, quando ele participou dos Jogos de Londres, se tornando o primeiro competidor paralímpico a disputar uma edição da Olimpíada. Além disso, ele possui oito medalhas paralímpicas, sendo seis delas de ouro.