Mais de quatro anos depois da realização da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, os eleitores da cidade avaliam o legado do evento de forma negativa, tanto para si quanto para os demais moradores da cidade.
Pesquisa Datafolha realizada nos dias 3 e 4 de novembro mostra que 67% dos entrevistados consideram que o evento trouxe mais prejuízos do que benefícios para os moradores da capital fluminense. Já na opinião de 28% deles, a realização dos Jogos gerou mais benefícios do que prejuízos. Outros 5% não opinaram.
Pesquisa anterior, realizada em outubro de 2017, indicava percentuais semelhantes. Naquela ocasião, 70% avaliavam negativamente o legado, e 26%, positivamente.
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Questionados sobre o legado olímpico para si especificamente, 58% avaliam de forma negativa, 26% positiva e 15% não opinaram. Nesse aspecto, a desaprovação diminuiu, já que chegava a 65% em 2017.
A pesquisa também aponta que os mais pobres são mais críticos. Na faixa de renda familiar mensal de até dois salários mínimos, 73% consideram que os Jogos trouxeram mais prejuízos do que benefícios aos moradores da cidade.
Foram entrevistados 1064 eleitores. A margem de erro máxima da pesquisa é de 3 pontos percentuais. O nível de confiança é de 95%.
Pesquisa de agosto de 2014, a dois anos da realização da Olimpíada, indicava otimismo com o evento. Na época, a maioria (57%) acreditava que ele traria mais benefícios de uma forma geral.
Os Jogos Olímpicos do Rio foram realizados de 5 a 21 de agosto de 2016. No mês seguinte, a cidade sediou a Paraolimpíada. Os atletas brasileiros obtiveram seus melhores resultados da história nos dois eventos, que transcorreram com poucos incidentes mais graves.
O prefeito da capital na época era Eduardo Paes, então no PMDB. Hoje no DEM, ele é candidato novamente ao cargo e lidera as pesquisas de intenção de voto até agora. Entre os que disseram que pretendem votar nele, a avaliação do legado também é majoritariamente negativa (59%), mas menor do que a média.
Em outubro de 2017, pouco depois da realização da pesquisa anterior pelo Datafolha, o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do comitê organizador dos Jogos do Rio, Carlos Arthur Nuzman, foi detido, sob suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Ele é acusado de integrar um esquema para compra de votos no colégio eleitoral do Comitê Olímpico Internacional (COI) para escolher o Rio como sede.
Em liberdade desde o dia 20 de outubro daquele mesmo ano, após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) conceder habeas corpus mediante cumprimento de medidas cautelares, o ex-cartola nega que tenha cometido crimes e ainda tem esperança de ser absolvido.
A realização da Olimpíada custou mais de R$ 40 bilhões, entre investimentos feitos pela iniciativa privada, governo federal, Prefeitura do Rio e governo estadual.
O comitê organizador dos Jogos tem uma dívida considerada impagável, por não ter mais fonte de renda. No ano passado, ela já era de R$ 420 milhões.
Entre o legado material, alguns equipamentos esportivos continuaram a ser utilizados por atletas de alto rendimento. Até hoje, porém, não foi dada uma solução definitiva para o Parque Olímpico da Barra, principal palco do evento.
Atualmente, um órgão do governo federal chamado Escritório de Governança do Legado Olímpico tem a função de gerir esse legado e encontrar uma solução para os equipamentos, o que na prática significa repassá-los à iniciativa privada. Essa estrutura, porém, já existiu com outro nome e maior número de funcionários anteriormente, sem que avanços significativos fossem conquistados.
Em janeiro, a Justiça Federal no Rio de Janeiro chegou a determinar a interdição do Parque Olímpico e do Complexo Esportivo de Deodoro por falta de licenças exigidas para seu funcionamento.
Já o velódromo, localizado dentro do Parque Olímpico, foi atingido por dois incêndios em 2017, ambos causados por quedas de balões.