Campeão mundial em 2015 e grande influenciador da atual geração de surfistas brasileiros, Adriano de Souza, o Mineirinho, anunciou que vai se aposentar do circuito profissional após a próxima temporada, que vai de dezembro deste ano até setembro de 2021.
"Estou saindo do circuito super-honrado e ainda tenho um ano, 2021, em que estarei presente. Será um ano de despedida, bem bacana para poder rever meus amigos, os lugares em que passei e criei amizades", afirmou o surfista de 33 anos, que estreou no circuito mundial em 2006, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (16).
Em 2019, Mineirinho voltou de lesão em junho, na etapa do Rio de Janeiro do Mundial, mas sofreu nova lesão no joelho em agosto, em Teahupoo, sendo obrigado a ficar de fora pelo resto da temporada.
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A expectativa era que ele retornasse na temporada 2020, porém ela foi cancelada em razão da pandemia do coronavírus.
O atleta, que terminou 2019 como 35º do mundo, se tornou em 2011 o primeiro surfista do Brasil a liderar o ranking mundial, após conquistar a etapa do Rio de Janeiro.
Cria da favela de Santo Antônio, em Guarujá, ele foi o segundo brasileiro a vencer o título da liga mundial, logo após o título de Gabriel Medina, então com 20 anos.
Mais velho que o compatriota e que outros expoentes, como Italo Ferreira (atual campeão mundial) e Filipe Toledo, Mineirinho é considerado pelos companheiros da elite do surfe um dos mais importantes personagens para a afirmação do Brasil como grande potência do circuito masculino na atualidade.
Em 2003, com 16 anos, ele se tornou o mais jovem campeão mundial júnior. Em 2009, venceu sua primeira etapa do Mundial adulto, em Mundaka.
Em 2013, a revista especializada Surf Europe elegeu os 100 maiores surfistas de todos os tempos e colocou Mineirinho em 57º lugar -isso dois anos antes do seu título.
"Ele é indubitavelmente o maior surfista brasileiro de todos os tempos, e mesmo que seja eclipsado por nomes como Medina, será a ele que eles terão que agradecer por proporcionar a autoconfiança necessária", escreveu a revista quase profeticamente.
O apelido do paulista Adriano de Souza veio pelo irmão nove anos mais velho, Angelo, que era tímido e chamado de Mineiro. Para o mais novo, sobrou o diminutivo. Foi o Mineiro quem deu a primeira prancha a Mineirinho.
"Ele comprou a minha primeira prancha por sete dólares, cerca de R$ 30, que era muito dinheiro para ele. Mas hoje estou no topo do mundo graças a R$ 30. Eu te amo", afirmou após a conquista do título de 2015.
Em relato ao site The Players Tribune, entitulado "Fora da Favela", Mineirinho revelou detalhes de sua infância: "A felicidade parecia muito distante nas favelas".
"Mamãe tinha depressão. Quatro meses depois que eu nasci, ela aparentemente colocou fogo na casa e saiu... enquanto eu ainda estava dentro de casa. Foi um vizinho que salvou a minha vida", escreveu.
No texto, o surfista também conta como o irmão lhe apresentou o surfe "sem querer". "Num fim de semana, a curiosidade pegou o melhor de mim. De casa, eu vi enquanto ele [Angelo] pegava sua prancha, subia na bicicleta e pedalava junto com seus amigos. Então eu corri para fora para segui-lo. Eu segui Angelo por 40 minutos. E então eu vi".
Foi então que ele diz ter encontrado a felicidade e a paz. Levou uma bronca do irmão, que finalmente o descobriu, mas diz que valeu a pena. Ele afirma ainda que por toda a sua vida segue perseguindo e procurando reencontrar a mesma sensação de quando entrou no mar com Angelo pela primeira vez.